terça-feira, 14 de maio de 2013

Coordenação de projetos, professor Tiago Silva e José Barros.

APRENDIZAGEM

Conceito de Aprendizagem

Aquisição ou mudança relativamente estável e duradoura de comportamentos ou processos mentais, resultante da uma interacção com o meio, de alguma forma de exercício, experiência, treino ou estudo.

 

A aprendizagem é um factor essencial de mudança (pessoal e social) de atitudes e comportamentos. A aprendizagem determina o pensamento, a linguagem, as motivações, as atitudes e a personalidade. A aprendizagem implica comportamentos perceptivos, motores, intelectuais, emocionais e sociais. Não há aprendizagem sem memória; a memória permite reter o que aprendemos. A memória constitui uma espécie de base de dados que possibilita responder às situações presentes e projectar as situações futuras.

 

 

A aprendizagem social

A aprendizagem social foi estudada por Bandura. Segundo este psicólogo, é no contexto das interacções sociais que se aprendem comportamentos que nos permitem viver em sociedade e desenvolver capacidades especificamente humanas (como ler, escrever, falar, etc.).

A aprendizagem social resulta da observação dos comportamentos dos outros e da imitação desses comportamentos, sobretudo daqueles cujas consequências são entendidas como positivas. Os comportamentos observados são imitados, quando o indivíduo se identifica com o modelo social. A aprendizagem social desenrola-se ao longo der toda a vida.

Bandura designa este processo por modelação. Neste tipo de aprendizagem, o reforço tem uma grande importância na medida em que, ao observar o modelo que foi reforçado (reforço vicariante), ou ao receber o reforço a seguir ao comportamento desejado (reforço directo), o sujeito integra um novo comportamento no seu quadro de respostas. Por outro lado, pode surgir o efeito desinibitório (Ex: Se os pais exibem comportamentos agressivos a criança apresentará também comportamentos agressivos) ou inibitório (Ex: Se a agressividade é criticada pelos pais a criança inibe-a.)

Segundo Bandura, tenderíamos a imitar modelos sociais significativos, isto é, pessoas que são mais susceptíveis de se tornarem modelos (pela proximidade afectiva, a idade, o género e o estatuto social).

 

 

 

Desenvolvimento e socialização

A família tem um papel decisivo no processo de socialização, isto é, no processo de integração do indivíduo na sociedade. É neste grupo que a criança aprende os comportamentos, valores, normas e atitudes vigentes numa dada sociedade.

Um dos aspectos mais importantes do desenvolvimento psicológico e social do bebé é o estabelecimento de uma primeira relação afectiva recíproca e duradoura, normalmente com a mãe, a que se chama vinculação. Esta vinculação manifesta-se a partir dos 7/8 meses e caracteriza-se pela procura de proximidade em relação a mãe; pela ansiedade e tristeza em caso de separação; e pela orientação das acções do bebé para a mãe.

A relação mãe-bebé tem um papel muito importante no processo de socialização. É esta díade mãe-bebé que vai permitir que a criança adapte o seu comportamento ao meio envolvente e aos outros: esta relação tem uma função adaptativa, quer favorecendo a sobrevivência da espécie, quer proporcionando segurança emocional.

 

As crianças desde que nascem são capazes de interagir com o meio e realizam as primeiras interacções com a mãe.
É através da interacção mãe-bebé que a criança aprende a atribuir significados aos comportamentos dos outros e às situações. A qualidade desta relação precoce entre a mãe e o bebé, vão ter uma grande influência no desenvolvimento futuro da criança: na sua personalidade, auto-estima, confiança em si própria, na forma como se relacionará com os outros e o modo como encarará as situações.

 

Estudos etológicos revelaram que a necessidade de contacto corporal e proximidade física são mais importantes que a necessidade de alimentação. Esta necessidade de agarrar, de estar junto à mãe denomina-se de contacto do conforto.

Segundo Bowlby, a necessidade de vinculação (apego, attachement), isto é, a necessidade de estabelecimento de contacto e de laços emocionais entre o bebé e a mãe e outras pessoas próximas é um fenómeno biologicamente determinado.

A carência afectiva materna tem repercussões que acarretam perturbações físicas, afectivas ou mentais durante esse período ou na vida futura, como, por exemplo, o hospitalismo (depressão vivida por crianças a quem faltou a presença materna).


MOTIVAÇÂO

Conceito de motivação

A motivação pode-se definir como um conjunto de necessidades (forças) internas e/ou externas que orientam e impulsionam o comportamento de um indivíduo para determinado fim.

 

Ciclo motivacional

No ciclo motivacional, distinguem-se geralmente três etapas básicas: necessidade, impulso e resposta.

A necessidade manifesta um estado de carência orgânica (estado de falta fisiológica ou psicológica) que desencadeia um impulso.

O impulso (ou pulsão) é a força que impele o organismo a dirigir o seu comportamento em direcção ao objectivo e activa uma resposta.

A resposta é o conjunto de acções desenvolvidas pelo indivíduo que permitem suprir a necessidade. Se o objectivo é atingido, há uma redução ou eliminação do impulso, o organismo atinge um estado de saciedade  que restabelece o equilíbrio orgânico (homeostasia).

 

Motivação - suporte fisiológico

            A motivação tem como suporte fisiológico os sistema nervoso, através da influência do hipotálamo (regula as necessidades básicas, como a fome, a sede, o sono, o desejo sexual,...) e de outras estruturas cerebrais (exemplo: sistema límbico intervém nas necessidades afectivas) e os sistema endócrino, através da hipófise (regula também as necessidades básicas; controla outras glândulas) e das outras glândulas (exemplo: as glândulas sexuais interferem no comportamento sexual).

 

Motivações fisiológicas

As motivações fisiológicas são também designadas por primárias, inatas (independentes de qualquer aprendizagem), básicas ou biogénicas. São inerentes à estrutura biológica do organismo, tendo por função a manutenção do equilíbrio orgânicohomeostasia. São fundamentais para a sobrevivência do indivíduo e a sua ocorrência é independente da aprendizagem. São exemplos deste tipo de motivações a fome, a sede, o sono. Diferentes aspectos do ciclo motivacional dependem de mecanismos fisiológicos dos quais se destaca o hipotálamo. É esta estrutura que detecta situações de carência orgânica, desencadeando os processos que conduzem à manifestação do impulso que orienta o organismo para a satisfação da necessidade que vai suprir a carência e restabelecer o equilíbrio. Cabe ainda ao hipotálamo produzir a sensação de saciedade.

 

Motivações sociais

As motivações sociais são também designadas por secundárias, adquiridas, ou sociogénicas

São motivações que não têm na sua base necessidades fisiológicas, isto é, o termo motivações sociais designa os motivos adquiridos no processo de aprendizagem social, pois manifestam-se de formas diferentes de acordo com os contextos sociais e culturais em que são aprendidos.

Exemplos:

*           Necessidade de afiliação – desejo da pessoa ser aceite e estimada pelos outros. Manifesta-se na necessidade de procurar desenvolver actividades com os outros, fazer amigos, etc.

*           Necessidade de poder/prestígio – necessidade de ter uma posição de determinado nível na sociedade e de ser admirado.

*           Necessidade de realização/sucesso – a motivação de realização deve-se ao desejo de ser bem sucedido no que se faz ou em situações desafiantes.

 

 

Motivações combinadas

As motivações combinadas, ainda que dependam de factores orgânicos, não são essenciais à sobrevivência do indivíduo, nem à manutenção do equilíbrio interno do organismo (ou homeostasia). São muito marcadas pela aprendizagem, pelos padrões culturais vigentes. Designam-se por combinadas, porque combinam factores biológicos/inatos e factores sociais/adquiridos.

Os comportamentos sexual e maternal são exemplos de actividades que, embora tendo um fundo biológico, apresentam no caso humano, uma grande flexibilidade, ou seja, a motivação subjacente a estas actividades não é essencialmente controlada por sustemos fisiológicos.

Assim, sem negar a importância relativa dos aspectos hormonais, vestígios de comportamentos de raiz evolutiva, o comportamento sexual e o comportamento maternal são, em larga medida, regulados pela aprendizagem, por normas socioculturais e por expectativas e preferências individuais.

 

 

O comportamento sexual

O comportamento sexual é uma motivação combinada, porque depende de:

Mecanismos fisiológicos – depende do sistema endócrino, concretamente das glândulas sexuais, da hipófise e do hipotálamo. É o início do funcionamento das glândulas sexuais na adolescência que dá início ao desejo sexual. Depende ainda do hipotálamo.

Factores sociais e culturais – a expressão da sexualidade depende da aprendizagem do indivíduo num determinado contexto social, variando no tempo e de cultura para cultura.

 

O comportamento maternal

O comportamento maternal é uma motivação combinada, porque apesar de existirem bases fisiológicas (exemplo: hormonas produzidas durante a gravidez), grande parte dos comportamentos maternais são aprendidos através do processo de socialização, estando ligados aos padrões culturais de diferentes sociedades.

 


                         

Teorias da motivação

 

Maslow e a Hierarquia das Necessidades

Segundo Abraham Maslow, as necessidades humanas estariam organizadas numa hierarquia, representadas numa pirâmide, em que na base estariam as necessidades fisiológicas e, no cume, as necessidades mais elevadas, como as de auto-realização. Após satisfeitas as necessidades básicas, o indivíduo ascenderia a outras mais complexas e, se no decurso da sua existência não houvesse obstáculos, progrediria até ao topo. Esta pirâmide seria designada como “Pirâmide de Maslow”. Quanto mais se sobe na pirâmide mais as motivações são específicas do Homem.

1 – Necessidades Fisiológicas:

São consideradas necessidades fisiológicas, a fome, sede, sono, evitamento da dor, desejo sexual. É a satisfação destas necessidades que domina o comportamento do ser humano. Assim, as necessidades de segurança só surgem se estas estiveres satisfeitas.

2 – Necessidades de Segurança:

Estas manifestam-se na procura de protecção em relação ao meio, assim como na busca de um ambiente estável e harmonioso.

3 – Necessidades de Afecto e Pertença:

Correspondem as necessidades de estabelecer relações afectivas e ser aceite. Manifestam-se através do desejo de associação, participação e aceitação por parte dos outros. Nos grupos a que pertence, o indivíduo procura o afecto e aprovação.

 

4 – Necessidades de Estima:

Corresponde à necessidade de ser respeitado e reconhecido pelo seu desempenho. Segundo Maslow, estas necessidades assumem duas expressões: desejo de realização e competência e o estatuto e desejo de reconhecimento, ou seja, as pessoas desejam ser competentes, desenvolver actividades com sucesso e ser reconhecidas através do seu mérito pessoal.

5 Necessidades de Auto-Realização:

Se no decorrer do percurso que vai da base ao topo, todas as necessidades estiverem satisfeitas, a necessidade de auto-satisfação manifestar-se-á.. É um tipo de motivação que se manifestaria pela necessidade de o indivíduo desenvolver as suas potencialidades pessoais, obter sucesso e êxito e, assim, atingir a sua realização pessoal.

Essa realização varia de indivíduo para indivíduo. As pessoas que procuram a auto-realização apresentam algumas características comuns de personalidade: são independentes, criadoras, resistem ao conformismo, aceitam-se a si próprias e aos outros.

Maslow considerava que vários indivíduos na nossa sociedade não realizavam as suas necessidades de auto-realização, daí a apatia e a alienação.

 

As necessidades deficitárias são aquelas que exprimem o desejo de reduzir carências. Caso não sejam satisfeitas podem levar a comportamentos agressivos. (1,2,3,4). As necessidades de crescimento ou de ser traduzem o desejo de expansão do eu. (5).

 

 

 

 

 
Orientações do professor Tiago Silva, consultas bibliográficas válidas.

MOTIVAÇÃO

Conceito de motivação

A motivação pode-se definir como um conjunto de necessidades (forças) internas e/ou externas que orientam e impulsionam o comportamento de um indivíduo para determinado fim.

 

Ciclo motivacional

No ciclo motivacional, distinguem-se geralmente três etapas básicas: necessidade, impulso e resposta.

 

A necessidade manifesta um estado de carência orgânica (estado de falta fisiológica ou psicológica) que desencadeia um impulso.

O impulso (ou pulsão) é a força que impele o organismo a dirigir o seu comportamento em direcção ao objectivo e activa uma resposta.

A resposta é o conjunto de acções desenvolvidas pelo indivíduo que permitem suprir a necessidade. Se o objectivo é atingido, há uma redução ou eliminação do impulso, o organismo atinge um estado de saciedade que restabelece o equilíbrio orgânico (homeostasia).

 

Motivação - suporte fisiológico

            A motivação tem como suporte fisiológico os sistema nervoso, através da influência do hipotálamo (regula as necessidades básicas, como a fome, a sede, o sono, o desejo sexual,...) e de outras estruturas cerebrais (exemplo: sistema límbico intervém nas necessidades afectivas) e os sistema endócrino, através da hipófise (regula também as necessidades básicas; controla outras glândulas) e das outras glândulas (exemplo: as glândulas sexuais interferem no comportamento sexual).

 

Motivações fisiológicas

As motivações fisiológicas são também designadas por primárias, inatas (independentes de qualquer aprendizagem), básicas ou biogénicas. São inerentes à estrutura biológica do organismo, tendo por função a manutenção do equilíbrio orgânicohomeostasia. São fundamentais para a sobrevivência do indivíduo e a sua ocorrência é independente da aprendizagem. São exemplos deste tipo de motivações a fome, a sede, o sono. Diferentes aspectos do ciclo motivacional dependem de mecanismos fisiológicos dos quais se destaca o hipotálamo. É esta estrutura que detecta situações de carência orgânica, desencadeando os processos que conduzem à manifestação do impulso que orienta o organismo para a satisfação da necessidade que vai suprir a carência e restabelecer o equilíbrio. Cabe ainda ao hipotálamo produzir a sensação de saciedade.

 

Motivações sociais

As motivações sociais são também designadas por secundárias, adquiridas, ou sociogénicas

São motivações que não têm na sua base necessidades fisiológicas, isto é, o termo motivações sociais designa os motivos adquiridos no processo de aprendizagem social, pois manifestam-se de formas diferentes de acordo com os contextos sociais e culturais em que são aprendidos.

Exemplos:

*           Necessidade de afiliação – desejo da pessoa ser aceite e estimada pelos outros. Manifesta-se na necessidade de procurar desenvolver actividades com os outros, fazer amigos, etc.

*           Necessidade de poder/prestígio – necessidade de ter uma posição de determinado nível na sociedade e de ser admirado.

*           Necessidade de realização/sucesso – a motivação de realização deve-se ao desejo de ser bem sucedido no que se faz ou em situações desafiantes.

 

 

Teorias da motivação

 

Maslow e a Hierarquia das Necessidades

Segundo Abraham Maslow, as necessidades humanas estariam organizadas numa hierarquia, representadas numa pirâmide, em que na base estariam as necessidades fisiológicas e, no cume, as necessidades mais elevadas, como as de auto-realização. Após satisfeitas as necessidades básicas, o indivíduo ascenderia a outras mais complexas e, se no decurso da sua existência não houvesse obstáculos, progrediria até ao topo. Esta pirâmide seria designada como “Pirâmide de Maslow”. Quanto mais se sobe na pirâmide mais as motivações são específicas do Homem.

1 – Necessidades Fisiológicas:

São consideradas necessidades fisiológicas, a fome, sede, sono, evitamento da dor, desejo sexual. É a satisfação destas necessidades que domina o comportamento do ser humano. Assim, as necessidades de segurança só surgem se estas estiveres satisfeitas.

2 – Necessidades de Segurança:

Estas manifestam-se na procura de protecção em relação ao meio, assim como na busca de um ambiente estável e harmonioso.

3 – Necessidades de Afecto e Pertença:

Correspondem as necessidades de estabelecer relações afectivas e ser aceite. Manifestam-se através do desejo de associação, participação e aceitação por parte dos outros. Nos grupos a que pertence, o indivíduo procura o afecto e aprovação.

4 – Necessidades de Estima:

Corresponde à necessidade de ser respeitado e reconhecido pelo seu desempenho. Segundo Maslow, estas necessidades assumem duas expressões: desejo de realização e competência e o estatuto e desejo de reconhecimento, ou seja, as pessoas desejam ser competentes, desenvolver actividades com sucesso e ser reconhecidas através do seu mérito pessoal.

5 Necessidades de Auto-Realização:

Se no decorrer do percurso que vai da base ao topo, todas as necessidades estiverem satisfeitas, a necessidade de auto-satisfação manifestar-se-á.. É um tipo de motivação que se manifestaria pela necessidade de o indivíduo desenvolver as suas potencialidades pessoais, obter sucesso e êxito e, assim, atingir a sua realização pessoal.

Essa realização varia de indivíduo para indivíduo. As pessoas que procuram a auto-realização apresentam algumas características comuns de personalidade: são independentes, criadoras, resistem ao conformismo, aceitam-se a si próprias e aos outros.

Maslow considerava que vários indivíduos na nossa sociedade não realizavam as suas necessidades de auto-realização, daí a apatia e a alienação.

 

As necessidades deficitárias são aquelas que exprimem o desejo de reduzir carências. Caso não sejam satisfeitas podem levar a comportamentos agressivos. (1,2,3,4). As necessidades de crescimento ou de ser  traduzem o desejo de expansão do eu. (5).

 


Música e Saúde

1.   Aprendemos com as lições da história

A ideia de que a música afecta a saúde e o bem-estar das pessoas já era conhecida por Platão e Aristóteles. Apenas na segunda metade do século XX, porém, os médicos conseguiram estabelecer uma relação entre a música e a recuperação de seus pacientes.

No final da Segunda Guerra Mundial, músicos foram chamados para tocar em hospitais como forma de auxiliar o tratamento dos feridos. Como a experiência surtiu resultados positivos, as autoridades médicas dos Estados Unidos decidiram habilitar profissionais para utilizar criteriosamente a música como terapia. O primeiro curso de musicoterapia foi criado em 1944, na Universidade Estadual de Michigan.

2.   Conceito de musicoterapia – um instrumento de saúde e equilíbrio

A música pode representar mais que uma habilidade para tocar um instrumento ou cantar. Pode ser um instrumento de saúde, desenvolvendo potenciais, actuando na prevenção ou no tratamento de questões como o stress. A musicoterapia é uma modalidade que pode ser usada individualmente, em família ou em grupo.

Por meio dos sons, podemos sensibilizar e estimular a inteligência humana. É o que mostra a musicoterapia, ao buscar desenvolver potenciais, restaurar funções de saúde do indivíduo através de reabilitação, prevenção ou tratamento.

É uma modalidade de trabalho que se utiliza da música e de elementos constituintes da música numa relação terapêutica para ajudar a pessoa a atender as suas necessidades. Destina-se a pessoas que têm alguma deficiência, algum distúrbio psíquico como depressão, autismo, esquizofrenia, assim como a atendimentos geriátricos ou pessoas que buscam auto-desenvolvimento”.

Pesquisas revelaram que as ondas sonoras provocam movimento do protoplasma celular; sementes estimuladas musicalmente possuem traços aprimorados… A música afecta o nível de várias hormonas, inclusive o cortisol (responsável pela excitação e pelo stress), testosterona (responsável pela agressividade e pela excitação) e a oxitocina (responsável pelo carinho). Assim como as endorfinas, a serotonina (neurotransmissor que faz a comunicação entre os neurónios).

3.   As vantagens de terapia pela música no desenvolvimento humano

O treino musical favorece o desenvolvimento cognitivo, atenção, a memória, a agilidade motora, assim como cria uma experiência unidade entre linguagem, música e movimento. Pitágoras dava à terapia pela música o nome de purificação (catharsis). A sua música curativa propunha-se a equilibrar as quatro funções básicas do ser humano: “Pensar, sentir, perceber e intuir”.

“A música responde a uma fonte poética de criatividade através de um cérebro que ressoa em resposta às solicitações de um cosmos que lhe fala.” O facto de geralmente encontrarmos acordes e intervalos consonantes em diferentes culturas musicais parece ser causado, portanto, uma tendência herdada dos mamíferos de preferirem tais combinações sonoras (consonantes).

Esse facto implica que deve existir alguma predisposição neurobiológica que faz com que determinadas combinações sonoras soem de um jeito especial ao ser humano. Quando as ondas sonoras alcançam o ouvido, o tímpano é accionado como uma membrana microfone, que vibra com a frequência do som.

Bibliografia:

Música e Saúde - Even Ruud - e Summus Editorial

 

 

4.     A música serve de terapia para todas as idades.

Contribui para o bem-estar geral do organismo e para a saúde plena do indivíduo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) formulou em 1946 a seguinte definição de saúde:

“A saúde é um estado de total bem estar físico, psíquico e social e não apenas a ausência de doenças ou debilidade. Gozar da melhor saúde possível é direito de todo homem, independente de raça, religião, convicção política ou situação económica e social.”

Meditando sobre essa definição, percebemos o quanto a música contribui para esse bem-estar físico, psíquico e social.

Sabemos que nenhum ser humano é uma ilha isolada e, a integração social é importantíssima desde a concepção da vida. Alguns indivíduos já são extrovertidos por natureza, outros mais tímidos e retraídos, nesses casos a música serve como um elo entre eles e os outros, d´-se um fenómeno de socialização comportamental.

Por meio das apresentações em público nas escolas, casas da cultura, igrejas, clubes, bares, casas de eventos, conservatórios e teatros, esses indivíduos vão vencendo a timidez, tornando-se mais sociáveis, felizes, crescendo sua auto estima, levando assim a uma saúde proporcionalmente mais completa.

O prazer em criar e executar música torna-se o “centro encefálico da felicidade” que contribui para a saúde dos executantes e ouvintes que recebem esses estímulos sonoros e agradáveis. Desde tenra idade a criança começa a emitir sons musicais, mesmo antes de balbuciar as primeiras palavras. Ela reage positivamente a canções, aprende-as antes de conhecer todos os sentidos das palavras e conseguir emiti-las completamente.

5.   Os estigmas sociais podem ser superados.

A experiência demonstra que pessoas de classe social mais baixa possuem menor expectativa de qualidade de vida do que pessoas de classe social mais alta, porém, encontramos nessa classe humilde, grandes músicos compositores que por meio da música se tornaram famosos encontrando o sentido de uma vida mais saudável e feliz. Outros, ao contrário, não sabendo utilizar a relação positiva entre a música e a saúde, deixaram-se perder na boémia da noite e alcoolismo, perecendo prematuramente.

Uma maneira agradável de conquistar a saúde é por meio da música clássica ou erudita, pois, equilibra o sistema nervoso, desfaz o stress, regulando as batidas do coração. A descontracção e o relaxamento total ao executar ou apreciar uma peça musical é uma experiência que favorece a capacidade de sentir prazer, alegria e felicidade que proporciona bem-estar e saúde emocional, reflectindo e contribuindo para a saúde geral do indivíduo.

Normalmente as pessoas de espírito positivo, que amam o que fazem, que reservam parte de seu tempo para o crescimento cultural, emocional, espiritual e para o condicionamento físico e lazer, são pessoas que vivem mais, mais felizes e com boa saúde. Quando é desenvolvido o talento da música, ela permite a criatividade, liberdade de expressão, igualdade entre as classes sociais, maior calor nos relacionamentos humanos, maior dignidade e respeito pelo próximo, maior amor às artes e ao ser humano.

Ora, a vida parece ter sentido quando existem objetivos, quando dispomos de valores essenciais, os quais podem ser encontrados na filosofia, moral, patriotismo, religião e obras sociais, e, também quando as pessoas se sentem valiosas e importantes na sociedade. Nesse caso pensamos que a música aumenta a autoestima, a memória, a coordenação motora e a acomodação do indivíduo na sociedade, colaborando assim para uma formação e informação organizada, harmoniosa e saudável.

Fonte: Gerson Gorski Damaceno * Doutor em Educação Musical
Ana Maria N. Gorski Damaceno* Mestre, Pianista Concertista

 

6.   Outra realidade onde a musicoterapia tem uma utilização crescente diz respeito ao aumento exponencial de idosos institucionalizados.

O internamento do idoso em lares surge, normalmente, da impossibilidade da família em tomar conta do seu velho ou na sequência do stress e/ou esgotamento físico do cuidador após doença prolongada do idoso, falta de tempo ou intolerância à senilidade.

Desenraizados e vulneráveis, a música tem a dita de amenizar as mudanças radicais que os idosos enfrentam quando são internados, os imensos fatores de desestabilização a que ficam sujeitos, desde as novas regras do dia-a-dia até à coabitação com pessoas desconhecidas e que não escolheram para compartilhar o espaço e a vida, e, sobretudo, a perda dos vínculos com familiares, amigos e vizinhos. Os idosos sentem-se isolados, desvalorizados, desprovidos de autoestima e, muitas vezes, da própria identidade.

O facto de a população portuguesa estar cada vez mais envelhecida exige políticas de saúde específicas, mormente viradas para a conservação da capacidade funcional dos seniores. Atualmente, buscam-se novas modalidades de tratamento, com uma abordagem multidisciplinar, no sentido da concepção da pessoa idosa com um todo, harmonizando estrutura física e mental. Neste contexto, a utilização da música revela-se um meio eficaz na solução de conflitos internos, na expressão de emoções, na evocação de lembranças e no reavivamento de factos inconscientes. A memória reativada converte a velhice em tempo de recordar, dando azo a reconstruir e reviver episódios significativos da sua juventude e repensar, com as imagens do presente, as experiências do passado.
Ouvir música é saudável para toda a gente. Alivia tensões, ajuda a refletir, transporta-nos para cenários de prazer, cura-nos. Qual a importância da música na sua saúde a na sua vida? Cantar pode até não espantar os males, como apregoa a sabedoria popular, mas a utilização de sons, ritmos e melodias ajuda a restabelecer a saúde de alguns pacientes. É o que garantem médicos das mais diferentes especialidades, que utilizam a musicoterapia como recurso terapêutico no tratamento multidisciplinar de inúmeras doenças, como hipertensão, enfermidades cardiovasculares e até carcinomas.
O efeito terapêutico da música, porém, vai muito além do aspecto tranquilizante de uma sonata de Bach ou uma sinfonia de Beethoven. Estudos garantem que a música potencializa a reabilitação de pacientes em casos de doenças degenerativas do cérebro, como Parkinson e Alzheimer, melhora a coordenação motora de deficientes físicos e induz a liberação de certas substâncias, como dopamina e serotonina, que proporcionam sensação de prazer e bem-estar.

Musicoterapia

Cantar é a respiração estruturada com efeito fisiológico que se transforma em massagem para o intestino e em alívio para o coração. Essa respiração fornece ar adicional aos pulmões, impulsiona a circulação sanguínea e melhora a concentração e a memória. Cantar nos harmoniza e também reforça o sistema imunológico. Desde o final da segunda guerra a música passou a ser utilizada também de forma terapêutica por um profissional musicoterapeuta graduado e/ou pós-graduado. Foi necessária esta especialidade para tentar minimizar as graves sequelas causadas pela guerra. Em todos os continentes, cursos e associações foram criados e a formação deste profissional que utiliza esta arte com objetivos terapêutico e científico na saúde e qualidade de vida passou cada vez mais a ser valorizada e utilizada. Surgiu a Musicoterapia.

 

 

 


“Que tem a música a ver com filosofia?”


 

Vítor Guerreiro

Universidade do Porto

Suponhamos que alguém crê equivocadamente que a sociologia é a arte de ser sociável. Provavelmente essa pessoa franzirá o sobrolho ao ouvir alguém associar sociologia e, digamos, estatística. A estatística não serve para criar ambiente e é pouco apropriada para conversas ligeiras.

A relação entre música e filosofia é vítima de um equívoco verbal semelhante. A filosofia é para muitos a arte de ser sociável através de palavras caras, afirmações vagas e muitas citações de indivíduos que já morreram e cujos nomes têm uma sonoridade mística. De modo que as crenças das pessoas a respeito desta relação tendem a distribuir-se por dois extremos (chamemos-lhes liberais e cépticos): há os que acreditam que uma sequência de sons musicais pode ser literalmente filosofia, e há os que acreditam que a relação entre música e filosofia é inexistente. Quer por pensarem, no caso dos primeiros, que qualquer associação de ideias é “filosófica” (e compor música envolve sempre a associação de ideias musicais), quer por pensarem, no caso dos segundos, que a música é algo cujo domínio exige disciplina e rigor, e pouco tem a ver com o tipo de “socialização” indisciplinada a que me referi. Já a relação entre a música e outras áreas de investigação, em particular as de cariz empírico, é muito menos vítima deste género de equívoco.

Que tem a música a ver com a história? Não é difícil ver a ligação. A história estuda os acontecimentos do passado. As convenções musicais em que os músicos e compositores trabalham, o modo de construir instrumentos, o tipo de instrumentos que se constrói, a notação musical, o ensino da música sofrem transformações ao longo do tempo e estudar essas coisas com a metodologia do historiador ajuda-nos a compreender a sua evolução. Ajuda-nos a responder a perguntas como: “por que há orquestras?”, “de onde vem a notação musical?”, “como surgiram as escalas e modos actuais?” A ligação com outras áreas, como a psicologia e a sociologia é também fácil de compreender. Sabendo qual o objecto de estudo dessas disciplinas e como nelas se trabalha, compreende-se facilmente quais os aspectos da música que podem ser produtivamente tratados pela psicologia e pela sociologia. Conseguimos imaginar sem dificuldade o género de perguntas a que estes investigadores tentam responder — “como funciona a aprendizagem musical?”, “o que acontece nas nossas cabeças quando ouvimos música?”, “que formas de música estão relacionadas com estas ou aquelas actividades ou classes sociais?”

Estas perguntas têm em comum o facto de, para lhes darmos resposta, termos de fazer mais do que reflectir cuidadosamente. Supõem o uso de procedimentos empíricos e o único modo de conhecermos a verdade das respostas é inspeccionando indícios físicos, informação experimental e estatística. Podemos não conhecer com exactidão o género de trabalho que se faz em psicologia da música ou em sociologia da música, mas compreendemos intuitivamente o interesse que a música pode ter para um psicólogo ou um sociólogo, tal como compreendemos intuitivamente o objecto da musicologia evolucionista (mesmo quando ouvimos a expressão pela primeira vez), o interesse que a música pode ter para um biólogo que estuda o canto das baleias ou das aves ou a origem da música humana.

Ao passo que é difícil imaginar claramente o género de perguntas a que um filósofo da música pode tentar responder, há uma uniformidade de expectativas quanto ao que deviam ser as suas respostas: ou respostas filosóficas para problemas empíricos (uma inversão do cientificismo, que envolve querer dar respostas empíricas a problemas filosóficos) ou juízos valorativos sobre composições e interpretações particulares. Aqui as opiniões dividem-se novamente entre os liberais e os cépticos, que partilham as mesmas expectativas relativamente à filosofia mas discordam quanto à capacidade desta para chegar a resultados. Assim, por exemplo, pode-se achar ou que a filosofia responderá a perguntas como “Qual a origem da música nos seres humanos?” (que é uma pergunta empírica e não filosófica), ou que não responderá a esse género de perguntas mas que devia fazê-lo, se fosse cognitivamente interessante. As expectativas e desilusões são semelhantes no que respeita à emissão de juízos críticos particulares.

Isto explica-se pela incompreensão do que seja um problema filosófico e pelo facto de na escola termos sido treinados para resolver ou problemas empíricos cuja solução foi já testada, ou problemas cuja resolução envolve procedimentos formais, como fazer cálculos. Por isso é tão comum confundir objectividade com escrutínio de factos e medições, imaginando-se a filosofia da música ou como uma rival das disciplinas empíricas, ou como algo “subjectivo”, muito semelhante à crítica musical mas com mais palavras caras por centímetro quadrado.

A filosofia da música não procura substituir-se à investigação empírica sobre música nem à crítica musical. Procura resolver problemas que envolvem perplexidades reais e exigem solução, não são meramente verbais; e problemas insusceptíveis de serem resolvidos empiricamente. De que género de problemas se trata? Por exemplo, i) a definição de música; ii) explicar o facto de a mesma obra poder ter várias ocorrências sonoras cujas propriedades diferem, sem que isso afecte a sua identidade; iii) explicar em que consiste o poder expressivo da música; iv) saber o que é “compreender” uma obra musical; v) saber se a música tem conteúdo representacional; vi) se tem propriedades morais; vii) saber o que é o valor da música. Embora não seja exaustiva, a lista representa o género de problemas a que o filósofo da música procura responder. Trata-se de problemas acerca da realidade das entidades musicais (composições, obras, interpretações, improvisações), das suas propriedades e estatuto ontológico (que género de entidades são) e problemas acerca do conhecimento e experiência que temos delas. A estética musical é um subconjunto desses problemas. Não se confunde com coisas como a “defesa de uma estética...” em que no lugar vazio colocamos um adjectivo qualquer, por exemplo, “vanguardista”, “conservadora”, “realista”, etc. Também não se confunde com elogios às atitudes políticas de um compositor. A estética musical ocupa-se de problemas como os seguintes: saber em que consiste a beleza musical; o que distingue as experiências musicais, se algo o faz; que propriedades de uma obra ou performance são relevantes para a apreciação estética e, já agora, o que isso é.

 

Bom dia, começamos hoje a publicar as orientações para projetos PAP. O projeto psicossocial nas artes - entre o sonho e a realidade - centra-se em temas e conceitos estruturantes do guião dos dois teatros musicais desenvolvidos ao longo deste ano letivo - em "Alice no país das maravilhas" representado pelos alunos do 12I e no "Bar das Luzes" representado pelos alunos do 12H. Assim, cada aluno desenvolveu a sua personagem num trabalho de cooperação importante e em estreita ligação com o perfil de competências essenciais definido para este curso profissional: as orientações dos projetos demonstrarão ORGANIZAÇÃO, COOPERAÇÃO E DECISÃO, INICIATIVA, EXPRESSIVIDADE, EMPENHO E MATURAÇÃO INTELECTUAL.

Sobre a definição da PAP, lei-se no regimento do nosso agrupamento: 
PREPARAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DA PAP
 Artigo 1º
 
Âmbito e Definição
 
1.1 - A Prova de Aptidão Profissional (PAP) consiste na apresentação e defesa, perante um júri, de um projecto (consubstanciado num produto, material ou intelectual, numa intervenção ou numa actuação, consoante a natureza dos cursos), bem como do respectivo relatório final de realização e apreciação crítica, demonstrativo de saberes e competências profissionais adquiridos ao longo da formação e estruturante do futuro profissional do jovem.
 
1.2 - O projecto a que se refere o número anterior centra-se em temas e problemas perspectivados e desenvolvidos pelo aluno, em estreita ligação com os contextos de trabalho e realiza-se sob orientação e acompanhamento de um ou mais professores.
1.3 - Tendo em conta a natureza do projecto, poderá o mesmo ser desenvolvido em equipa, desde que, em todas as suas fases e momentos de concretização, seja visível e avaliável a contribuição individual específica de cada um dos membros da equipa.

 
ORIENTAÇÕES ATRAVÉS DE ESQUEMAS CONCEPTUAIS, textos do professor Tiago Silva.

  
1 - DESENVOLVIMENTO



          Conceito de desenvolvimento

Por desenvolvimento pode entender-se o conjunto de transformações coordenadas (de natureza física, fisiológica e psicológica) que ocorrem no sentido de uma complexidade e diferenciação crescentes e que se manifestam nos comportamentos de adaptação dos indivíduos ao longo da vida.

A psicologia do desenvolvimento procura descrever e explicar os mecanismos que determinam o desenvolvimento psicológico dos seres humanos.

O desenvolvimento é um conceito que se refere ao conjunto de transformações do ser humano ao longo de toda a sua vida. É um processo complexo que se inicia no momento da concepção e termina com a morte, e em que estão envolvidos múltiplos factores: biológicos, cognitivos, motores, morais, emocionais, afectivos, sociais…

As modificações que se produzem são estruturais e comportamentais, isto é, ao longo do tempo o organismo muda, como muda a nossa maneira de agir, pensar e sentir. Estas mudanças não se produzem de igual modo em todos os indivíduos: o ritmo do desenvolvimento varia de pessoa, podendo ocorrer acelerações e retardamentos. Existem acontecimentos situações, contextos acasos que implicam a pessoa globalmente nas respostas que irá dar, nas mudanças internas vivenciadas, quer seja criança, adolescente, adulto ou velho.

O desenvolvimento acontece, porque o ser humano é um sistema aberto, está em constante interacção dinâmica com o meio ambiente. Hoje considera-se errada a oposição estanque entre o biológico e o social pois a dinâmica entre o organismo e o meio é uma realidade – o indivíduo é uma unidade biopsicossocial (as capacidades biológicas precisam de um meio onde se possam realizar; a estrutura psicológica dá-lhes significado). O desenvolvimento é uma adaptação progressiva do ser humano ao meio natural e social e é integrativo, porque as aquisições anteriores são incorporadas nos estádios seguintes. O sujeito tem um papel activo no seu próprio desenvolvimento.

 Concepções de desenvolvimento

São várias as correntes que propõem interpretações do desenvolvimento. Algumas correntes privilegiam a componente biológica/maturativa (maturacionismo de Gesell e psicanálise de Freud), outras a componente ambiental/social (behaviorismo de Watson). Outras correntes procuram superar esta dicotomia biológica e social (construtivismo de Piaget e teoria psicossocial de Erikson).


Erikson e o desenvolvimento

 

Erikson critica Freud, porque ele não teve em conta, na sua concepção de desenvolvimento, as interacções entre o indivíduo e o meio. Por outro lado, enquanto Freud defendia que a energia que orientava o desenvolvimento era de natureza libidinal, Erikson enfatiza o processo de construção de identidade e a sua dimensão psicossocial. Além disso, considerava que Freud tinha uma tendência para patalogizar o comportamento.

Para Erikson, a energia que orienta o desenvolvimento é essencialmente de natureza psicossocial, pelo que Erikson valoriza as interacções entre a personalidade em transformação e o meio social. O desenvolvimento é um processo contínuo que se inicia com o nascimento e se prolonga até final da vida. A personalidade constrói-se à medida que a pessoa progride por estádios psicossociais que, no seu conjunto, constituem o ciclo da vida.

Erikson propõe oito estádios psicossociais, perspectiva oito idades no desenvolvimento do ciclo de vida, desde o nascimento até à morte, tendo em conta aspectos biológicos, individuais e sociais.

Em cada estádio, há um predomínio de uma tarefa, que assume a forma de um conflito, ou crise, (psicossocial) entre duas dimensões (uma positiva e uma negativa), induzido pela interacção entre as exigências da sociedade e as características do indivíduo. No momento de crise, o indivíduo cresce psicologicamente e a forma como resolveu os diversos conflitos vai afectar a forma como lida com eles no presente e no futuro. O desenvolvimento resulta da resolução das sucessivas crises e proporciona a aquisição de novas competências. As crises não resolvidas dificultam ou impedem o desenvolvimento e a resolução de conflitos posteriores.  Apesar disso, em fases subsequentes, o indivíduo pode passar por experiências positivas que contrariem as vivências tidas em estados anteriores.

Um aspecto central da teoria de Erikson é o conceito de epigénese. Este conceito traduz-se no facto do desenvolvimento psicológico não ocorrer ao acaso, mas através de estádios, de acordo com as orientações de um plano de fundo. Este plano de fundo não transforma o desenvolvimento num processo automático, pois está dependente das oportunidades de interacção entre o indivíduo e o meio.

 

         Estádios
Confiança
versus
Desconfiança
(até aos 18 meses)
Este estádio é marcado pela relação que o bebé estabelece com a mãe: se é compensadora, o bebé sente-se seguro, manifestando uma atitude de confiança face ao mundo; se não é satisfatória desenvolve sentimentos que conduzem ao medo/desconfiança em relação aos outros. A virtude adquirida na resolução, positiva da crise confiança versus desconfiança é a esperança.
Autonomia
versus
Dúvida e Vergonha
(18 meses-3 anos)
Se é encorajada a criança explora o mundo autonomamente; se é muito controlada pelos pais, sente dúvida (precisa da sua aprovação) e vergonha. A virtude adquirida é a força de vontade.
Iniciativa
versus
Culpa
(3-6 anos)
A criança obtém prazer da realização de actividades por iniciativa própria, sente orgulho nas suas capacidades; se é muito punida, sente-se culpada por agir de acordo com os seus desejos; revela falta de espontaneidade e sente-se inibido. O núcleo significativo de relações estabelece-se com a família e a virtude própria deste estádio é a tenacidade.
Indústria
versus
Inferioridade
(6-12 anos)
Na escola, a criança desenvolve aprendizagens (escolares, sociais…), que podem fazê-la sentir que é competente ou que é menos capaz que os colegas. Se prevalecer o fracasso na resolução da crise, a criança sente-se preguiçosa e evita entrar em competição; considera-se inferior e medíocre.
Identidade
versus Difusão/Confusão
(12-18/20 anos)
O adolescente procura saber quem é (construção da identidade) em que quer tornar-se; pode também ficar confuso face a tantas possibilidades, sem saber o que quer, como agir, que pessoa é (confusão de identidade e de papéis). Aquele que resolve a crise de forma positiva adquire a lealdade como virtude. Ser leal é ser fiel a si próprio à sua identidade.
Intimidade
versus
Isolamento
(18/20-30 e tal anos)
O jovem adulto pode estabelecer relações de proximidade e partilha (amor e afiliação) com pessoas íntimas ou pode distanciar-se e fechar-se. Ou apresenta uma sexualidade enriquecedora e vínculos sociais abertos e estáveis ou isola-se e tem dificuldades em relacionar-se; as suas relações são inautênticas e instáveis.
Generatividade versus
Estagnação
(30 e tal – 60 e tal)
O conflito centra-se na expansão das potencialidades de adulto e na sua transmissão aos outros – gosta de colaborar com as novas gerações. Pode, por outro lado, tornar-se inactivo, se acha que não consegue ou que não tem nada de interessante para transmitir. Apresenta sinais de estagnação; é improdutivo e está apenas preocupado consigo próprio. A virtude inerente a este estádio é a produção.
Integridade
versus
 Desespero
(mais de 65 anos)
O indivíduo avalia a sua vida, podendo experimentar sentimentos de integridade ou de desespero; faz um balanço da sua vida: positivo ou negativo. A integridade resulta de uma avaliação positiva da sua existência; aceita a existência como algo de valioso e sente-se satisfeito com a vida. O desespero resulta de uma avaliação negativa da sua existência e da impossibilidade de a recomeçar; considera a vida como tempo perdido e que é impossível recuperar.
O núcleo significativo de ralações é representada pela humanidade e a virtude adquirida neste estádio é a sabedoria.

 

                           

Desenvolvimento e socialização

A família tem um papel decisivo no processo de socialização, isto é, no processo de integração do indivíduo na sociedade. É neste grupo que a criança aprende os comportamentos, valores, normas e atitudes vigentes numa dada sociedade.

 

Adolescência

A adolescência é uma época da vida marcada por transformações fisiológicas, psicológicas, pulsionais, afectivas, intelectuais, morais e sociais vivenciadas num dado contexto cultural.

Uma das dificuldades do conceito de adolescência advém da delimitação etária deste período, pois existem diferenças entre os contextos culturais, géneros masculino/feminino, meios geográficos e condições sócio-económicas

Se se pode afirmar que a adolescência começa com a puberdade, já não é tão fácil dizer quando termina. È difícil definir quando se é adulto, pois essa definição passa pelo entre cruzamento de factores biológicos, afectivos, socioculturais e geográficos.

Será importante relevar que a adolescência se define vulgarmente pela negativa: o adolescente já não é criança e ainda não é adulto.

A ambiguidade das dificuldades na definição são agravadas pela existência de preconceitos, reflectidos nas frases feitas do “senso comum” que caracterizam a adolescência como “idade do armário”, “idade da Caixa”, “estar na fase”, “idade mais maravilhosa”, etc. Simultaneamente, encontramos representações sociais que quase associam o jovem a vandalismo, marginalidade, delinquência, droga.

Pode definir-se adolescência como o período em que se inicia a puberdade (cerca dos 11/13 anos) e vai até à idade adulta. É um processo dinâmico de passagem entre a infância e a idade adulta, isto é, em que o sujeito constrói a sua identidade e autonomia, desenvolve projectos de vida e se insere na sociedade.

 

A adolescência caracteriza-se por um conjunto de transformações: fisiológicas, intelectuais, afectivas e sociomorais.

1.        Transformações fisiológicas – é um período em que ocorre um rápido crescimento orgânico, resultante do funcionamento das glândulas sexuais. Desenvolve-se todo um conjunto de características sexuais secundárias (no rapaz – aparecimento de pêlos na cara, nas pernas, peito e zona púbica, mudança da voz, modificação dos odores corporais; na rapariga aparecimento de pêlos nas axilas e zona púbica, alargamento das ancas e aumento dos seios). Os órgãos sexuais entram em funcionamento e são estas modificações que permitem a função reprodutora, em especial a ejaculação no rapaz e a menstruação na rapariga. Destaca-se, também, o desenvolvimento dos sistemas nervoso e endócrino.

2.        Transformações intelectuais – graças ao pensamento formal, o adolescente tem capacidade de reflexão e abstracção, o adolescente pensa a partir de hipóteses (raciocínio hipotético-dedutivo), desenvolve novas capacidades de avaliação dos outros e de si próprio (egocentrismo intelectual – o adolescente sente-se o centro e as suas teorias sobre o mundo aparecem como as únicas correctas). Estas novas capacidades permitem também um maior desenvolvimento da capacidade imaginativa

3.        Transformações sociomorais – o jovem vai interessar-se por problemas éticos e ideológicos, discutindo valores e princípios. O jovem adquire um novo estatuto social e papel na comunidade decorrente da participação activa na vida cívica.

4.        Transformações afectivas – as relações preferenciais alteram-se, com o grupo de pares a ter uma grande importância no processo de procura de identidade. A construção da autonomia leva o adolescente a alterar a relação com os pais e adultos que lhe serviram de modelos durante a infância. Na procura de autonomia e na construção da identidade, reorganiza a imagem de si próprio, explorando e assumindo novos papéis.

 

Construção da identidade

A formação da identidade é, segundo Erikson, a tarefa fundamental da adolescência. É neste período que se constrói uma forma própria e pessoal de estar no mundo, sendo diferentes as formas de procura de identidade – busca do papel sexual, da profissão, de realizações pessoais.

Este processo de autonomia passa pela substituição dos modelos parentais pelo dos grupos de pares (agora centro das relações sociais procurando aí identificação positiva e respostas para as suas dúvidas e incertezas). Este processo de identificação/diferenciação é vivenciado de forma contraditória (ambivalente) através de atitudes de conformismo (face aos pares) e/ou rebeldia (face à família).

 

Moratória Psicossocial

É um período de pausa, de experimentação de vários papéis sociais. Nesta fase de experimentação em que o jovem procura os papéis de adulto que melhor se adequam a si próprio sem os assumir definitivamente. A moratória é uma espécie de compasso de espera nos compromissos adultos. È um período de experimentação e de ajustamento dos vários papéis sociais. Podemos identificar várias moratórias – sexual-afectiva, moratória de orientação profissional e moratória da identidade.

           
 
2 - PSICOFISIOLOGIA

 

O comportamento tem um suporte material; resulta da contribuição de estruturas biológicas que actuam de forma integrada: os órgãos sensoriais, o sistema endócrino e o sistema nervoso.

O sistema nervoso

O sistema nervoso tem um papel decisivo no comportamento e nos processos mentais. Do comportamento mais simples ao mais complexo, o sistema nervoso está implicado, coordenando a relação que o organismo estabelece com o meio ambiente e assegurando a comunicação interna do corpo. Tudo o que fazemos, sentimos, pensamos, depende dele.

É o sistema nervoso que é responsável pelos comportamentos mais complexos que distinguem os seres humanos dos animais. Há competências e capacidades altamente elaboradas que são exclusivas do Homem como falar, ler, pensar, imaginar e que são da responsabilidade directa do sistema nervoso.

 

O sistema endócrino

O sistema endócrino tem um papel fundamental no comportamento humano, interagindo com o sistema nervoso. Sistema Endócrino. Este sistema é constituído pelas glândulas endócrinas. Tratam-se de glândulas que segregam hormonas que são directamente lançadas na corrente sanguínea. As hormonas, por sua vez, funcionam como mensageiros químicos que produzem diversos efeitos nos órgãos específicos a que se destinam. O mau funcionamento de uma glândula endócrina pode ter como consequência perturbações no comportamento.

GLÂNDULAS ENDÓCRINAS
FUNÇÕES
Hipófise
(ou Glândula pituitária)
·   “Glândula-mestra” – controla as actividades de todas as outras glândulas do
      sistema endócrino através das estimulinas;
·   Coordena com o hipotálamo as actividades indispensáveis à vida (fome, sede,
     actividade sexual, reprodução);
·   Produz uma hormona que controla o crescimento; na infância, o hiperfuncionamento provoca o gigantismo e o hipofuncionamento o nanismo).
Pâncreas
·      Regula o nível de açúcar no sangue através da insulina;
·      A hipofunção desta glândula provoca a diabetes.
Tiróide
·      Regula o metabolismo celular através da tiroxina.
·      O hiperfuncionamento da tiróide provoca: hiperexcitabilidade, hiperemotividade, insónias, nervosismo, irritabilidade.
·      O hipofuncionamento da tiróide provoca: aumento de peso, apatia, letargia e fadiga permanente, durante a infância provoca o cretinismo (perturbação do desenvolvimento físico e intelectual).
Glândulas Supra-Renais
·      Através da libertação de adrenalina e noradrenalina actuam nas situações de ansiedade, medo ou angústia;
·      Aumentam a pressão sanguínea e tensão muscular fornecendo energia ao organismo.                                                                                                                                                                                                             
Glândulas Sexuais ou gónadas
·      Na mulher são os ovários que libertam de estrogéneos, progesterona e nos homem são os testículos que produz a testosterona que permitem o surgimento dos caracteres sexuais secundários na puberdade;
·      São responsáveis pela ovulação e pela produção de esperma;
·      Estimulam o comportamento sexual. 

O comportamento sexual está dependente do funcionamento das glândulas sexuais, portanto do sistema endócrino. Por outro lado, é o hipotálamo (estrutura do sistema nervoso central) que desencadeia o impulso sexual, para além de ser o responsável pela regulação das glândulas sexuais. O comportamento sexual depende do funcionamento hormonal, da maturação dos órgãos sexuais, e do funcionamento do hipotálamo, responsável pelo impulso sexual.

De referir que o comportamento sexual humano, também, está intimamente relacionado com a afectividade, a imaginação, a memória que são componentes da responsabilidade do cérebro.

O comportamento sexual é, assim, um exemplo do funcionamento articulado e interdependente dos sistemas, endócrino e nervoso.

A sexualidade humana não reduz ao funcionamento dos sistemas nervoso e endócrino. A sexualidade do adulto depende fundamentalmente das suas vivências, da sua história e de vida e da influência social.


Teorias Psicanalítica da Personalidade

 
Segundo Freud, a personalidade está intimamente ligada com o desenvolvimento da sexualidade construindo-se fundamentalmente nos primeiros anos de vida. Afirma assim que a personalidade se desenvolve segundo uma sequência de estádio psicossexuais, correspondendo a cada um uma zona erógena específica. Cada um dos estádios é atravessado por um conflito psicossexual que resulta da necessidade da satisfação das pulsões em confronto com o que é socialmente exigido. A forma como os conflitos são ultrapassados bem como o tipo de experiências emocionais influenciam o desenvolvimento da personalidade.

 

A psicanálise é um corpo teórico explicativo da estrutura psíquica, da vida mental e afectiva. E um processo terapêutico das perturbações da personalidade. Esta teoria vai centrar a explicação do comportamento em factores em factores energéticos e internos à própria pessoa, apresentando assim uma perspectiva intrapsíquica do funcionamento humano. A personalidade é orientada por forças pulsionais, marcadas pelo inconsciente, e por uma grande importância atribuída à infância e às relações de objecto. A experiência clínica de Freud levou-o a valorizar os primeiros anos de vida e a compreender como o acesso ao mundo inconsciente (das pulsões, desejos, conteúdos reprimidos) explica as perturbações neuróticas.

 

Para Freud, os princípios fundamentais que regem a vida psíquica são:

            - O principio do prazer – ID : inconsciente, visa a realização imediata dos desejos, entrando em conflito com o Ego.

            - O principio da realidade – EGO: consciente, corresponde à necessidade de adaptação ao real social, e visa um comportamento adequado às exigências deste.

            - O principio da idealidade – SUPEREGO:  surge após a resolução do Complexo de Édipo (cerca dos 5 anos) – a sua resolução é condição necessária ao desenvolvimento do equilíbrio e à maturação psíquica -  , e vai impor ao Ego valores morais e regras socioculturais, levando-o a viver conflitos, ambivalências, sofrimentos, mas também orgulho e bem-estar consigo próprio.

 
Na sua concepção, Freud distingue entre dois tipos de pulsões:

            - As pulsões de vida – Eros -  agrupam as pulsões que de auto-conservação que visam a manutenção do indivíduo e as pulsões sexuais. 

            - As pulsões de morte – Thanatos agrupam as pulsões de morte ou destrutivas, que explicariam as tendências agressivas ou de ausência total de tensões (Nirvana)

Os indivíduos na vida tendem para a acção imediata da realização do Eros, embora também aspirem a não ter tensões, isto é, o regresso ao inorgânico (a realização do Thanatos).

A personalidade, na perspectiva freudiana, é fortemente determinada pelos impulsos sexuais e centrada no desenvolvimento psicossexual, que se faz através de vários estádios, nos quais há a prevalência de diferentes zonas erógenas, ou seja, partes do corpo cuja estimulação pode produzir uma excitação sexual. (boca e lábios no estádio oral; região anal no estádio anal; órgãos sexuais no estádio fálico; no estádio de latência a criança esquece a sexualidade anterior, havendo uma diminuição do interesse libidinal. Na puberdade – estádio genital – a sexualidade reaparece, focalizada nas zonas erógenas genitais, procurando a satisfação nas relações com o outro).

Os entraves à satisfação pulsional podem levar a uma fixação, isto é, a que uma parte da energia pulsional fique bloqueada em determinado estádio de desenvolvimento. As características da personalidade de cada indivíduo resultariam de características inatas, das relações de objecto que estabelece, das formas de resolução de conflitos intrapsíquicos e dos mecanismos de defesa que privilegiou.

 


3 – PSICOLOGIA SOCIAL

 

O psicólogo Salomon Asch defende que «para percebermos uma pessoa devemos encará-la no contexto da situação e do problema que defronta», uma vez que para a compreensão da influência social sobre cada sujeito «é perigoso centrarmo-nos nas pessoas e perder de vista as suas relações».

 

Relatividade Cultural

            As sociedades humanas respondem de forma diferente às necessidades que a relação com o meio e com os outros indivíduos desencadeiam. Esta variabilidade de respostas ocorre no espaço e no tempo.

 O Homem tem a capacidade de se adaptar ao meio, transformando-o; é isso que o distingue dos outros animais. O Homem para assegurar a sua sobrevivência desenvolveu acções sobre o meio, das quais resultou tudo o que o rodeia: campos cultivados, casas, estradas, vestuário, electricidade, medicamentos, etc. A cultura não se manifesta apenas nas produções materiais: as formas de comportamento, os usos e os costumes, os sistemas de valores, as formas de expressão, as normas políticas religiosas e morais, a organização social, as concepções de mundo e de vida constituem cultura.

 
As comunidades desenvolvem manifestações culturais que são muito marcadas pela época e por um conjunto de características específicas que lhe dão uma identidade própria. Assim, a diferentes culturas correspondem padrões culturais próprios: diferentes costumes, normas, atitudes, hábitos, formas de se comportar, pensar, sentir.

 
Padrão de cultura – conjunto de comportamentos comuns aos membros de uma cultura ou grupo social. São esses comportamentos, que respondem às necessidades de uma comunidade, que distinguem os membros de culturas diferentes. O padrão de cultura sofre transformações no contacto com culturas diferentes.

Aculturação – corresponde a processos complexos de contacto cultural através dos quais as sociedades ou grupos sociais assimilam hábitos e valores culturais de outras sociedades ou de outros grupos. (exs: Colonização; Emigração)

 

 

Socialização

A Socialização é o processo de integração do indivíduo numa determinada sociedade. É através da socialização que o sujeito apreende a assimila comportamentos, regras, normas, valores, rituais, formas de estar e de se relacionar com os outros. Este processo decorre ao longo da vida e termina quando o indivíduo morre. É um processo dinâmico, interactivo e permanente de integração social.

A socialização primária é aquela que ocorre durante a infância. A criança aprende com os outros, seguindo os modelos sociais, os hábitos alimentar e de higiene, as regras de linguagem e de relacionamento e tudo o que é indispensável à vida em sociedade.

A socialização secundária compreende o processo de integração do indivíduo nas situações sociais específicas que vão ocorrendo ao longo da sua vida.

Agentes de socialização:

Família -  processo inicial de integração social; criança aprende os hábitos de higiene, os hábitos, os valores, as atitudes e as normas de comportamento;

- Creches, jardins de infância, escolas – comportamentos e hábitos de trabalho, conhecimentos científicos e técnicos; normas sociais, normas éticas e ideais sociais;

- Grupo de pares – relações de solidariedade e cooperação; aquisição se sentimentos reciprocidade, interdependência, autonomia e identidade social;

- Meios de comunicação social – televisão, rádio, jornais; veiculam modelos comportamentais que posteriormente são imitados e reproduzidas.

 

Conceito de grupo

Pode definir-se grupo como um conjunto de indivíduos, mais ou menos estruturado, com objectivos e interesses comuns, cujos elementos estabelecem relações entre si, isto é, interagem. Os indivíduos desenvolvem actividades em conjunto mantendo uma relativa estabilidade ao longo do tempo. Os seus membros desempenham funções diferenciadas (participam num sistema de papéis), partilhando valores e normas comuns. Os membros do grupo reconhecem e são reconhecidos como pertencentes ao grupo.

 

Influência do grupo

Interacção grupal – conjunto de comunicações, trocas e influências mútuas que se estabelecem entre os membros do grupo.

 

No interior do grupo os seus membros interagem influenciando-se mutuamente. A necessidade de pertencer ao grupo e de ser aceite leva a que as pessoas adoptem comportamentos, atitudes e valores assumidos pelos outros elementos do grupo. Esta manifestação de influência social designa-se por conformismo.

 

Inconformismo (está relacionado com a auto-estima) – designa a atitude de não seguir o que está socialmente estabelecido e não corresponder às expectativas dos outros. Se o indivíduo não cumpre com as normas prescritas para o seu papel, pode sofrer sanções negativas ou mesmo ser marginalizado.

 

Na adolescência os grupos desempenham um importante papel no processo de desenvolvimento. O grupo de pares (constituído por jovens da mesma idade) vai ter como função formar modelos de identificação que anteriormente eram representados pelos pais. É um processo importante na formação da autonomia, dado que é no contexto do grupo que o adolescente vai discutir as suas escolhas, os seus projectos. É no grupo que experimenta, que ensaia diferentes papéis sociais e onde encontra apoio e compreensão para os problemas que está a viver. Partilha com o grupo normas, valores e crenças desenvolvendo atitudes de conformismo. O conformismo ao grupo é, aliás, uma das características da adolescência: assegura a sua aceitação, como membro do grupo promovendo sentimentos de segurança e confiança.

 

Estatuto e Papel

Os papéis que assumimos nos grupos a que pertencemos definem as obrigações e os comportamentos que os outros esperam de nós. O papel está dependente da posição que ocupamos num dado grupo, ou seja, do nosso estatuto. Assim, o estatuto decorre do poder e prestígio que se detém num dado grupo

Estatuto – conjunto de comportamentos e atitudes que se espera da parte dos outros tendo em conta a posição que se ocupa na hierarquia social, no interior dos grupos sociais.

Os estatutos podem ser adquiridos, quando a pessoa contribuiu para a sua obtenção (ex. médico, professor) ou atribuídos (como o sexo, a idade e a etnia).

Papel – conjunto de comportamentos e atitudes que os outros esperam de uma pessoa tendo em conta a posição que ela ocupa no grupo.

 

O desempenho em simultâneo de vários papéis sociais pode ser gerador de conflitos no indivíduo que os desempenha.

  • Conflito interpapéis – conflito que pode ocorrer quando uma pessoa para responder a um papel fica impossibilitada de responder a outro. [Ex.: Uma mãe quer salvar um filho, mas a sua religião impede-a de recorrer a certas práticas médicas.]
  • Conflito de descontinuidade de papéis – conflito que pode ocorrer quando um indivíduo passa a desempenhar funções inferiores às anteriormente ocupadas. Corresponde geralmente a uma perda de poder e prestígio. [Ex.: A reestruturação de uma empresa leva a que um director passe a ocupar um lugar subalterno na hierarquia da mesma.]

 

  • Existem ainda conflitos intrapapel: um único papel solicita comportamentos incompatíveis. Por exemplo, o papel de um médico de uma empresa implica simultaneamente salvaguardar o bem-estar físico dos empregados e minimizar as despesas médicas da empresa empregadora.



O papel depende do estatuto da pessoa e esta desempenha tantos papéis quanto os estatutos. Daí afirmar-se que estatuto e papel são conceitos complementares.

 
 

As atitudes

A atitude é a uma tendência ou predisposição a responder a um determinado objecto social (pessoa, situação) de uma forma positiva ou negativa. A atitude não é, portanto, um comportamento, mas uma predisposição uma tendência relativamente estável para uma pessoa se comportar de determinada maneira. As atitudes não são directamente observáveis: inferem-se dos comportamentos.

 

As atitudes são aprendidas no processo de socialização, no meio social onde o sujeito está inserido. São vários os agentes sociais responsáveis pela formação e modificação das atitudes: os pais e a família (que exercem um papel fundamental na formação das primeiras atitudes da criança, sendo os modelos que elas imitam e com os quais se pretendem identificar), a escola (educação formal e informal), o grupo de pares (pessoas de idade aproximada com quem os jovens convivem) e os mass media (grandes veículos de informação na sociedade contemporânea e que têm uma grande importância na formação de novas atitudes e no reforço das que já existem).

 

A mudança de atitudes depende de novas informações e/ou afectos relativos ao objecto. De facto, apesar da relativa estabilidade das atitudes estas podem mudar ao longo da vida. A propaganda e a publicidade têm por objectivo influenciar as nossas atitudes e comportamentos. São transmitidas mensagens que visam persuadir as pessoas a formar uma atitude e, consequentemente, a comportarem-se de determinada maneira.

 

 

Estereótipos e preconceitos

 

EstereótipoÉ um modo de simplificação e de generalização acerca de objectos sociais que resulta de processos prévios de categorização e se traduz num conjunto de ideias rígidas.

Estas ideias feitas, que resultam de generalizações e/ou especificações, tendem a considerar que todos os membros de um grupo se comportam do mesmo modo ou têm as mesmas características.

 

 

Preconceitos – conceitos formados antecipadamente e sem fundamento sério ou razoável. Em psicologia social, designa o conjunto de atitude que reflecte o pré-julgamento positivo ou negativo, infundado sobre determinado objecto social. Conduz os sujeitos a avaliarem, na maior parte das vezes de forma negativa, pessoas ou grupos sociais, comportamentos que conduzem à discriminação.

 
4 - MOTIVAÇÂO

Conceito de motivação
A motivação pode-se definir como um conjunto de necessidades (forças) internas e/ou externas que orientam  e impulsionam o comportamento de um indivíduo para determinado fim.
 

Ciclo motivacional
No ciclo motivacional, distinguem-se geralmente três etapas básicas: necessidade, impulso e resposta.
A necessidade manifesta um estado de carência orgânica (estado de falta fisiológica ou psicológica) que desencadeia um impulso.
O impulso (ou pulsão) é a força que impele o organismo a dirigir o seu comportamento em direcção ao objectivo e activa uma resposta.
A resposta é o conjunto de acções desenvolvidas pelo indivíduo que permitem suprir a necessidade. Se o objectivo é atingido, há uma redução ou eliminação do impulso, o organismo atinge um estado de saciedade  que restabelece o equilíbrio orgânico (homeostasia).
 

Motivação - suporte fisiológico
            A motivação tem como suporte fisiológico os sistema nervoso, através da influência do hipotálamo (regula as necessidades básicas, como a fome, a sede, o sono, o desejo sexual,...) e de outras estruturas cerebrais (exemplo: sistema límbico intervém nas necessidades afectivas) e os sistema endócrino, através da hipófise (regula também as necessidades básicas; controla outras glândulas) e das outras glândulas (exemplo: as glândulas sexuais interferem no comportamento sexual).
 

Motivações fisiológicas
As motivações fisiológicas são também designadas por primárias, inatas (independentes de qualquer aprendizagem), básicas ou biogénicas. São inerentes à estrutura biológica do organismo, tendo por função a manutenção do equilíbrio orgânicohomeostasia. São fundamentais para a sobrevivência do indivíduo e a sua ocorrência é independente da aprendizagem. São exemplos deste tipo de motivações a fome, a sede, o sono. Diferentes aspectos do ciclo motivacional dependem de mecanismos fisiológicos dos quais se destaca o hipotálamo. É esta estrutura que detecta situações de carência orgânica, desencadeando os processos que conduzem à manifestação do impulso que orienta o organismo para a satisfação da necessidade que vai suprir a carência e restabelecer o equilíbrio. Cabe ainda ao hipotálamo produzir a sensação de saciedade.
 

Motivações sociais
As motivações sociais são também designadas por secundárias, adquiridas, ou sociogénicas
São motivações que não têm na sua base necessidades fisiológicas, isto é, o termo motivações sociais designa os motivos adquiridos no processo de aprendizagem social, pois manifestam-se de formas diferentes de acordo com os contextos sociais e culturais em que são aprendidos.
Exemplos:
*           Necessidade de afiliação – desejo da pessoa ser aceite e estimada pelos outros. Manifesta-se na necessidade de procurar desenvolver actividades com os outros, fazer amigos, etc.
*           Necessidade de poder/prestígio – necessidade de ter uma posição de determinado nível na sociedade e de ser admirado.
*           Necessidade de realização/sucesso – a motivação de realização deve-se ao desejo de ser bem sucedido no que se faz ou em situações desafiantes.
 

Motivações combinadas
As motivações combinadas, ainda que dependam de factores orgânicos, não são essenciais à sobrevivência do indivíduo, nem à manutenção do equilíbrio interno do organismo (ou homeostasia). São muito marcadas pela aprendizagem, pelos padrões culturais vigentes. Designam-se por combinadas, porque combinam factores biológicos/inatos e factores sociais/adquiridos.
Os comportamentos sexual e maternal são exemplos de actividades que, embora tendo um fundo biológico, apresentam no caso humano, uma grande flexibilidade, ou seja, a motivação subjacente a estas actividades não é essencialmente controlada por sustemos fisiológicos.
Assim, sem negar a importância relativa dos aspectos hormonais, vestígios de comportamentos de raiz evolutiva, o comportamento sexual e o comportamento maternal são, em larga medida, regulados pela aprendizagem, por normas socioculturais e por expectativas e preferências individuais.
 
O comportamento sexual
O comportamento sexual é uma motivação combinada, porque depende de:
Mecanismos fisiológicos – depende do sistema endócrino, concretamente das glândulas sexuais, da hipófise e do hipotálamo. É o início do funcionamento das glândulas sexuais na adolescência que dá início ao desejo sexual. Depende ainda do hipotálamo.
Factores sociais e culturais – a expressão da sexualidade depende da aprendizagem do indivíduo num determinado contexto social, variando no tempo e de cultura para cultura.
 
O comportamento maternal
O comportamento maternal é uma motivação combinada, porque apesar de existirem bases fisiológicas (exemplo: hormonas produzidas durante a gravidez), grande parte dos comportamentos maternais são aprendidos através do processo de socialização, estando ligados aos padrões culturais de diferentes sociedades.
 

Frustração
A frustração é um estado que resulta do bloqueio do comportamento motivado. Quando um indivíduo não atinge o objectivo devido à existência de um obstáculo (interno ou externo) experimenta um sentimento de frustração.
As motivações variam de indivíduo para indivíduo, logo não se pode generalizar as situações que dão origem às frustrações. A tolerância à frustração depende de vários factores: idade, nível de aprendizagem e se o indivíduo sofre ou não de frustrações repetidas. As reacções à frustração podem ocorrer imediatamente a seguir à frustração ou mais tarde. Os tipos de reacção divergem muito, podendo ir da agressão (directa, isto é, quando o indivíduo agride a causa da frustração, ou deslocada, quando o indivíduo desloca a agressão para elementos não responsáveis pela frustração) à apatia.
 
 

Conflito motivacional
O conflito motivacional resulta da presença simultânea de motivações com intensidade semelhante. Quando o sujeito está perante duas motivações incompatíveis vive uma situação de conflito por ser obrigado a optar.
 
Conflito de aproximação-aproximação – o indivíduo tem que escolher entre duas ou mais alternativas igualmente positivas e desejáveis. O conflito resulta do facto de, ao escolher uma, ter de rejeitar a outra. (Ex: Uma pessoa deseja ir ao cinema à praia).
 
Conflito afastamento-afastamento – o indivíduo está perante duas alternativas desagradáveis, hesitando sobre qual evitar mas qualquer uma delas criará no indivíduo insatisfação. (Ex. Num andar em
 
Conflito de aproximação-afastamento – o indivíduo está perante uma situação que apresenta simultaneamente aspectos positivos e negativos. Ex: Uma pessoa está a fazer dieta de emagrecimento, face a um bolo que lhe é oferecido vive o conflito de aproximação (o bolo tem óptimo aspecto) e de afastamento (o bolo tem muitas calorias).
 

Teorias da motivação
 

Maslow e a Hierarquia das Necessidades
Segundo Abraham Maslow, as necessidades humanas estariam organizadas numa hierarquia, representadas numa pirâmide, em que na base estariam as necessidades fisiológicas e, no cume, as necessidades mais elevadas, como as de auto-realização. Após satisfeitas as necessidades básicas, o indivíduo ascenderia a outras mais complexas e, se no decurso da sua existência não houvesse obstáculos, progrediria até ao topo. Esta pirâmide seria designada como “Pirâmide de Maslow”. Quanto mais se sobe na pirâmide mais as motivações são específicas do Homem.
1 – Necessidades Fisiológicas:
São consideradas necessidades fisiológicas, a fome, sede, sono, evitamento da dor, desejo sexual. É a satisfação destas necessidades que domina o comportamento do ser humano. Assim, as necessidades de segurança só surgem se estas estiveres satisfeitas.
2 – Necessidades de Segurança:
Estas manifestam-se na procura de protecção em relação ao meio, assim como na busca de um ambiente estável e harmonioso.
3 – Necessidades de Afecto e Pertença:
Correspondem as necessidades de estabelecer relações afectivas e ser aceite. Manifestam-se através do desejo de associação, participação e aceitação por parte dos outros. Nos grupos a que pertence, o indivíduo procura o afecto e aprovação.
 
4 – Necessidades de Estima:
Corresponde à necessidade de ser respeitado e reconhecido pelo seu desempenho. Segundo Maslow, estas necessidades assumem duas expressões: desejo de realização e competência e o estatuto e desejo de reconhecimento, ou seja, as pessoas desejam ser competentes, desenvolver actividades com sucesso e ser reconhecidas através do seu mérito pessoal.
5 Necessidades de Auto-Realização:
Se no decorrer do percurso que vai da base ao topo, todas as necessidades estiverem satisfeitas, a necessidade de auto-satisfação manifestar-se-á.. É um tipo de motivação que se manifestaria pela necessidade de o indivíduo desenvolver as suas potencialidades pessoais, obter sucesso e êxito e, assim, atingir a sua realização pessoal.
Essa realização varia de indivíduo para indivíduo. As pessoas que procuram a auto-realização apresentam algumas características comuns de personalidade: são independentes, criadoras, resistem ao conformismo, aceitam-se a si próprias e aos outros.
Maslow considerava que vários indivíduos na nossa sociedade não realizavam as suas necessidades de auto-realização, daí a apatia e a alienação.
 
As necessidades deficitárias são aquelas que exprimem o desejo de reduzir carências. Caso não sejam satisfeitas podem levar a comportamentos agressivos. (1,2,3,4). As necessidades de crescimento ou de ser  traduzem o desejo de expansão do eu. (5).
 
5 - INTELIGÊNCIA
 

Definição de Inteligência
A palavra “inteligência” deriva do latim inteliggentia, que significa “compreensão”, “faculdade de compreender”.
A inteligência pode ser definida tendo em conta os seguintes traços: capacidade de adaptação a situações novas e resolução de problemas, capacidade de pensar abstractamente e capacidade aprender.
Estas três capacidades são indissociáveis, complementares, nenhuma delas pode ser analisada de forma independente, a inteligência é um sistema complexo.
 
 

Inteligências prática, conceptual e abstracta
Thorndike distinguiu três tipos de inteligência que interagem de forma constante a construtiva segundo o tipo de exigências a que estamos sujeitos.
 
*      Inteligência práticatipo de inteligência que recorre a acções e representações perceptivas para resolver problemas. A inteligência prática manifesta-se no uso e fabrico de instrumentos necessários à resolução de problemas concretos.
 
*      Inteligência conceptual ou abstractatipo de inteligência que se manifesta na capacidade de resolver problemas recorrendo a conceitos e a símbolos que se podem exprimir verbalmente. Manifesta-se em capacidades de compreensão, raciocínio, na resolução de problemas e tomadas de decisão.
 
*      Inteligência social – tipo de inteligência que se manifesta na vida relacional e social e na resolução de problemas interpessoais, recorrendo predominantemente à intuição.
 
 

Inteligência e Criatividade
Guilford distinguiu pensamento convergente de pensamento divergente:
O que caracteriza o Pensamento convergente é a existência de uma resposta ou conclusão que surge como única: o pensamento é orientado em direcção a essa resposta que surge como a melhor. É um pensamento dominado pela lógica e objectividade.
 
O Pensamento divergente é caracterizado por uma exploração mental de soluções várias, diferentes e originais para um mesmo problema.
           
As estratégias do pensamento divergente estão na base da criatividade e caracterizam-se pela:
1) Originalidadeprocura de soluções novas/originais para os problemas colocados;
2) Fluidezprocura de várias alternativas válidas para a resolução de um problema;
3) Flexibilidade – permite um pensamento versátil, flexível e a mudança de estratégia na resolução de um problema; pelo predomínio da intuição sobre as operações mentais do tipo lógico-dedutivo.
 
Ficha informativa – orientação de projetos PAP             Curso ApoioPsicossocial
 6 -Envelhecimento activo

Envelhecimento activo » Programas e Projectos


        Programas: Programa Nacional para a Saúde das Pessoas Idosas (MS/DGS)
Editado pela DGS em 2006.  
Circular Normativa Nº 13/DGS/DGCG de 02/07/2004   

o        Versão em português

o        English version
 

·  Alargamento do Programa Nacional de Promoção da Saúde Oral
Direcção-Geral da Saúde ,
Microsite da Saúde Oral

·  Projectos: Cidades Amigas das Pessoas Idosas - Organização Mundial da Saúde (OMS) http://www.who.int/ageing/age_friendly_cities/en/index.html




» Conceitos
1. Abuso das pessoas idosas é " um acto simples ou repetido, ou ausência de actuação apropriada em qualquer relação em que se tem uma expectativa de confiança, que causa dano ou angústia a uma pessoa idosa". (De acordo com a rede Internacional para a Prevenção do Abuso das Pessoas Idosas, Action on Elder Abuse, 1995)
 
2. Autonomia é a capacidade percebida/vigil para controlar, lidar com as situações e tomar decisões sobre a vida do dia-a-dia, de acordo com as próprias regras e preferências da pessoa. (Cf. WHO. Active Ageing, A Policy Framework. A contribution of the WHO to the Second United Nations World Assembly on Ageing, Madrid, Spain, April, 2002)
 
3. Actividades da vida diária (AVDs) incluem, por exemplo, tomar banho, alimentar-se, utilizar o W.C. e andar pela casa.
 
4. Actividades instrumentais da vida diária (AIVDs), incluem actividades como ir às compras, reconhecer o dinheiro, convívio social num café, realizar tarefas domésticas e preparar as refeições.
 
5. Determinantes da saúde são os factores pessoais, sociais, económicos e ambientais que influenciam a saúde, determinando o estado de saúde dos indivíduos e das populações. São múltiplos e interagem uns com os outros. (Cf. WHO/HPR/HEP/98.1. Glossaire de la Promotion de la Santé. Genève, 1999)
 
6."Envelhecimento normal", representa as alterações biológicas universais/comuns que ocorrem com a idade e que não são afectadas/causdas pela doença e pelas influências ambientais. (Cf. World Health Organization. Men, Ageing and Health. Acheiving health across the span.Geneva, 2001)
 
7. Esperança de vida sem incapacidade é frequentemente utilizada como sinónimo de esperança de vida com saúde. Enquanto que a esperança de vida à nascença continua a ser um importante indicador do envelhecimento da população, o tempo que a pessoa espera viver sem incapacidades é especialmente importante para uma população a envelhecer.
 
Os conceitos de independência,, qualidade de vida e esperança de vida com saúde, foram elaborados para tentar medir o grau de dificuldade que uma pessoa idosa tem em realizar as actividades de vida diária (AVDs;ex:tomar banho, comer, usar o WC e andar no quarto) e as actividades instrumentais de vida diária (AIVDs; ex: ir às compras, tarefas domésticas, preparar refeições). (Cf. Active Ageing, A Policy Framework. A contribution of the WHO to the Second United Nations World Assembly on Ageing, Madrid, Spain, April 2002)
 
8. Independência é a capacidade para realizar funções relacionadas com a vida diária, isto é, a capacidade de viver com independência inserido na comunidade sem ajuda ou com pequena ajuda de outrém. (Cf. WHO. Active Ageing, A PolicyFramework. A contribution of the WHO to the Second United Nations World Assembly on Ageing, Madrid, Spain, April, 2002)
 
9. Pessoas idosas "frágeis" - Pessoas idosas com alto risco de descompensação com o aparecimento de uma nova patologia. Os critérios de fragilidade foram descritos por Winograd e são predictivos de hospitalização prolongada, de mortalidade, de institucionalização e de perda de função após uma hospitalização. Compreendem nomeadamente: a idade de 65 e mais anos, AVC, doença crónica ou invalidante, confusão, depressão, demência, perturbação da mobilidade, dependência para a realização das actividades da vida diária, queda nos últimos três meses, acamamento prolongado, escaras, desnutrição, perda de peso ou de apetite, polimedicação, déficits sensoriais de visão e audição, problemas socio-económicos e familiares, utilização de contenções, incontinência e hospitalização não programada nos últimos três meses. (Cf. Winograd, CH, Gerty, Mb et coll. Targeting the hospitalized elderly for geriatric consultation. J Am Geriatric Soc 1983)
 
10. Promoção da saúde, constitui um processo para dar às populações os meios de assegurar um maior controle sobre a sua própria saúde e de a melhorar e representa um processo global, que compreende não só as ações que visam reforçar as aptidões e capacidades dos indivíduos, mas também as medidas que visam alterar a situação social, ambiental e económica, de modo a reduzir os seus efeitos negativos sobre a saúde pública e sobre a saúde das pessoas. (Cf. OMS. Carta de Otawa para a Promoção da Saúde, Genève, 1986)
 
11. Qualidade de vida é uma percepção individual da posição na vida, no contexto do sistema cultural e de valores em que as pessoas vivem e relacionada com os seus objectivos, expectativas, normas e preocupações. É um conceito amplo, subjectivo, que inclui de forma complexa a saúde física da pessoa, o seu estado psicológico, o nível de independência, as relações sociais, as crenças e convicções pessoais e a sua relação com os aspectos importantes do meio ambiente, (WHO, 1994). (Cf. World Health Organization. Men, Ageing and Health. Acheiving health across the span.Geneva, 2001)
 
12. A saúde é um recurso da vida quotidiana e não apenas um objectivo a atingir; trata-se de um conceito positivo que valoriza os recursos sociais e individuais, assim como as capacidades físicas. (Cf. Organization Mondiale de la Santé. Glossaire de la promotion de la santé. Genève, 1999)
 
 

7 - PERSONALIDADE
 
Conceito de Personalidade
A personalidade é conjunto dos padrões de pensamento, emoções e comportamentos persistentes e relativamente estáveis, integrados numa totalidade coerente, que nos tornam únicos e diferentes dos outros.
É esta estrutura estável e consistente que está subjacente ao funcionamento psicológico de uma pessoa e ao seu comportamento. Esse conjunto forma uma totalidade que distingue um indivíduo de todos os outros: é a personalidade que nos torna unos e únicos.
 
 
Construção da Personalidade
A personalidade é o produto de um processo de construção pessoal que decorre ao longo de toda a vida de um indivíduo. Daí que a personalidade não se possa encarar como imutável, mas como resultado de um processo activo e dinâmico. A personalidade acompanha e reflecte a maturação fisiológica e psicológica do indivíduo, que está sujeito às influências do meio e às influências das experiências pessoais, resulta da interacção e da influência de vários factores (biológicos, ambientais e significados atribuídos pelo indivíduo à sua experiência).
 
Personalidade – Pessoa – Carácter – Temperamento
- A personalidade permite distinguir no homem que actua aquilo que faz com que seja um homem e o que faz com que seja aquele homem.
- A pessoa designa um indivíduo concreto. A personalidade distingue-se da pessoa ao designar o conjunto de esquemas que organizam o comportamento do indivíduo. ~
- A personalidade é muitas vezes confundida com o carácter. Este designa as componentes instintivo-afectivas da personalidade, enquanto que a própria personalidade engloba não só características de carácter (agressividade, jovialidade) mas também aptidões cognitivas (imaginação e inteligência) e físicas.
- O temperamento remete prioritariamente para as componentes fisiológicas hereditárias. Portanto, não é mais que um aspecto da personalidade.
 
Factores gerais que influenciam a personalidade
A personalidade resulta de interacção de diversos factores tais como:
*                  Hereditariedade – o património genético influencia algumas características da personalidade. Efectivamente a constituição física, o funcionamento do sistema nervoso e do sistema endócrino variam de indivíduo para indivíduo, afectando o modo como a sua personalidade se desenvolverá.
O sexo, a constituição física, o funcionamento do sistema nervoso e endócrino influenciam, directa ou indirectamente, a forma como o indivíduo se relaciona com o mundo e com os outros e a forma como se vê a si próprio.
 
*                 Meio social – este factor desempenha um papel determinante na construção da personalidade. É através do processo de socialização que decorre no seio da família, da escola, do grupo de pares e da sociedade em geral, a que o indivíduo pertence, que os modos de pensar, de ser e actuar se formam. A personalidade desenvolve-se em permanente interacção com o meio e deste facto resulta que na mesma sociedade os indivíduos apresentem um conjunto de características relativamente homogéneas na forma de agir e de se comportar.
 
A personalidade constrói-se e desenvolve-se num processo interactivo com o meio social, ao longo do processo de socialização os indivíduos integram, na sua personalidade, as formas de ser, de pensar e de agir da sociedade em que vivem.
 
*                 Experiências pessoais – as experiências vividas pelo sujeito, concretamente as que ocorrem durante a infância e a adolescência, têm uma grande influência na formação da personalidade de um indivíduo. Outros acontecimentos marcantes da vida (que os psicólogos denominam de ocorrências e acasos), mesmo de uma pessoa já adulta, como encontros amorosos, separações, ser pai/mãe, ficar desempregado, podem também marcar aspectos da sua personalidade. De notar que o modo como estas experiências são vividas e encaradas são também, reflexo de uma personalidade.
As experiências precoces e as vividas durante a adolescência têm maior influência na personalidade, os significados atribuídos pelo indivíduo às suas experiências condicionam a forma como estas são integradas na sua personalidade.
 
 
Adolescência
A adolescência é uma época da vida marcada por transformações fisiológicas, psicológicas, pulsionais, afectivas, intelectuais, morais e sociais vivenciadas num dado contexto cultural.
Uma das dificuldades do conceito de adolescência advém da delimitação etária deste período, pois existem diferenças entre os contextos culturais, géneros masculino/feminino, meios geográficos e condições sócio-económicas
Se se pode afirmar que a adolescência começa com a puberdade, já não é tão fácil dizer quando termina. È difícil definir quando se é adulto, pois essa definição passa pelo entre cruzamento de factores biológicos, afectivos, socioculturais e geográficos.
Será importante relevar que a adolescência se define vulgarmente pela negativa: o adolescente já não é criança e ainda não é adulto.
A ambiguidade das dificuldades na definição são agravadas pela existência de preconceitos, reflectidos nas frases feitas do “senso comum” que caracterizam a adolescência como “idade do armário”, “idade da Caixa”, “estar na fase”, “idade mais maravilhosa”, etc. Simultaneamente, encontramos representações sociais que quase associam o jovem a vandalismo, marginalidade, delinquência, droga.
Pode definir-se adolescência como o período em que se inicia a puberdade (cerca dos 11/13 anos) e vai até à idade adulta. É um processo dinâmico de passagem entre a infância e a idade adulta, isto é, em que o sujeito constrói a sua identidade e autonomia, desenvolve projectos de vida e se insere na sociedade.
 
A adolescência caracteriza-se por um conjunto de transformações: fisiológicas, intelectuais, afectivas e sociomorais.
1.        Transformações fisiológicas – é um período em que ocorre um rápido crescimento orgânico, resultante do funcionamento das glândulas sexuais. Desenvolve-se todo um conjunto de características sexuais secundárias (no rapaz – aparecimento de pêlos na cara, nas pernas, peito e zona púbica, mudança da voz, modificação dos odores corporais; na rapariga aparecimento de pêlos nas axilas e zona púbica, alargamento das ancas e aumento dos seios). Os órgãos sexuais entram em funcionamento e são estas modificações que permitem a função reprodutora, em especial a ejaculação no rapaz e a menstruação na rapariga. Destaca-se, também, o desenvolvimento dos sistemas nervoso e endócrino.
2.        Transformações intelectuais – graças ao pensamento formal, o adolescente tem capacidade de reflexão e abstracção, o adolescente pensa a partir de hipóteses (raciocínio hipotético-dedutivo), desenvolve novas capacidades de avaliação dos outros e de si próprio (egocentrismo intelectual – o adolescente sente-se o centro e as suas teorias sobre o mundo aparecem como as únicas correctas). Estas novas capacidades permitem também um maior desenvolvimento da capacidade imaginativa
3.        Transformações sociomorais – o jovem vai interessar-se por problemas éticos e ideológicos, discutindo valores e princípios. O jovem adquire um novo estatuto social e papel na comunidade decorrente da participação activa na vida cívica.
4.        Transformações afectivas – as relações preferenciais alteram-se, com o grupo de pares a ter uma grande importância no processo de procura de identidade. A construção da autonomia leva o adolescente a alterar a relação com os pais e adultos que lhe serviram de modelos durante a infância. Na procura de autonomia e na construção da identidade, reorganiza a imagem de si próprio, explorando e assumindo novos papéis.
 
 
Construção da identidade
A formação da identidade é, segundo Erikson, a tarefa fundamental da adolescência. É neste período que se constrói uma forma própria e pessoal de estar no mundo, sendo diferentes as formas de procura de identidade – busca do papel sexual, da profissão, de realizações pessoais.
Este processo de autonomia passa pela substituição dos modelos parentais pelo dos grupos de pares (agora centro das relações sociais procurando aí identificação positiva e respostas para as suas dúvidas e incertezas). Este processo de identificação/diferenciação é vivenciado de forma contraditória (ambivalente) através de atitudes de conformismo (face aos pares) e/ou rebeldia (face à família).
 


 
 
 
Coordenação dos professores orientadores, Tiago Silva e José  Barros