APRENDIZAGEM
Conceito
de Aprendizagem
Aquisição ou mudança relativamente
estável e duradoura de comportamentos ou processos mentais, resultante da uma
interacção com o meio, de alguma forma de exercício, experiência, treino ou
estudo.
A aprendizagem é um factor essencial
de mudança (pessoal e social) de atitudes e comportamentos. A aprendizagem
determina o pensamento, a linguagem, as motivações, as atitudes e a
personalidade. A aprendizagem implica comportamentos perceptivos, motores,
intelectuais, emocionais e sociais. Não há aprendizagem sem memória; a memória
permite reter o que aprendemos. A memória constitui uma espécie de base de
dados que possibilita responder às situações presentes e projectar as situações
futuras.
A
aprendizagem social
A aprendizagem social foi estudada por
Bandura. Segundo este psicólogo, é no contexto das interacções sociais que se
aprendem comportamentos que nos permitem viver em sociedade e desenvolver
capacidades especificamente humanas (como ler, escrever, falar, etc.).
A aprendizagem social resulta da observação dos
comportamentos dos outros e da imitação desses comportamentos, sobretudo
daqueles cujas consequências são entendidas como positivas. Os comportamentos
observados são imitados, quando o indivíduo se identifica com o modelo social.
A aprendizagem social desenrola-se ao longo der toda a vida.
Bandura designa este processo por
modelação. Neste tipo de aprendizagem, o reforço tem uma grande importância na
medida em que, ao observar o modelo que foi reforçado (reforço vicariante), ou
ao receber o reforço a seguir ao comportamento desejado (reforço directo), o
sujeito integra um novo comportamento no seu quadro de respostas. Por outro
lado, pode surgir o efeito desinibitório (Ex: Se os pais exibem comportamentos
agressivos a criança apresentará também comportamentos agressivos) ou
inibitório (Ex: Se a agressividade é criticada pelos pais a criança inibe-a.)
Segundo Bandura, tenderíamos a imitar
modelos sociais significativos, isto é, pessoas que são mais susceptíveis de se
tornarem modelos (pela proximidade afectiva, a idade, o género e o estatuto
social).
Desenvolvimento
e socialização
A família tem um papel decisivo no
processo de socialização, isto é, no processo de integração do indivíduo na
sociedade. É neste grupo que a criança aprende os comportamentos, valores,
normas e atitudes vigentes numa dada sociedade.
Um dos aspectos mais importantes do
desenvolvimento psicológico e social do bebé é o estabelecimento de uma
primeira relação afectiva recíproca e duradoura, normalmente com a mãe, a que
se chama vinculação.
Esta vinculação manifesta-se a partir dos 7/8 meses e caracteriza-se pela
procura de proximidade em relação a mãe; pela ansiedade e tristeza em caso de
separação; e pela orientação das acções do bebé para a mãe.
A relação mãe-bebé tem um papel muito
importante no processo de socialização. É esta díade mãe-bebé que vai permitir
que a criança adapte o seu comportamento ao meio envolvente e aos outros: esta
relação tem uma função adaptativa, quer favorecendo a sobrevivência da espécie,
quer proporcionando segurança emocional.
As crianças desde que nascem são
capazes de interagir com o meio e realizam as primeiras interacções com a mãe.
É através da interacção mãe-bebé que a criança aprende
a atribuir significados aos comportamentos dos outros e às situações. A
qualidade desta relação precoce entre a mãe e o bebé, vão ter uma grande
influência no desenvolvimento futuro da criança: na sua personalidade,
auto-estima, confiança em si própria, na forma como se relacionará com os
outros e o modo como encarará as situações.
Estudos etológicos revelaram que a
necessidade de contacto corporal e proximidade física são mais importantes que
a necessidade de alimentação. Esta necessidade de agarrar, de estar junto à mãe
denomina-se de contacto do conforto.
Segundo Bowlby, a necessidade de vinculação (apego, attachement), isto é, a necessidade de estabelecimento de contacto
e de laços emocionais entre o bebé e a mãe e outras pessoas próximas é um
fenómeno biologicamente determinado.
A carência afectiva materna tem
repercussões que acarretam perturbações físicas, afectivas ou mentais durante
esse período ou na vida futura, como, por exemplo, o hospitalismo (depressão
vivida por crianças a quem faltou a presença materna).
MOTIVAÇÂO
Conceito
de motivação
A motivação pode-se
definir como um conjunto de necessidades (forças) internas e/ou externas que
orientam e impulsionam o comportamento de um indivíduo para determinado fim.
Ciclo
motivacional
No ciclo motivacional, distinguem-se
geralmente três etapas básicas: necessidade, impulso e resposta.
A necessidade manifesta um estado de
carência orgânica (estado de falta fisiológica ou psicológica) que desencadeia
um impulso.
O impulso (ou pulsão) é a força que
impele o organismo a dirigir o seu comportamento em direcção ao objectivo e
activa uma resposta.
A resposta é o conjunto de acções
desenvolvidas pelo indivíduo que permitem suprir a necessidade. Se o objectivo
é atingido, há uma redução ou eliminação do impulso, o organismo atinge um
estado de saciedade que restabelece o
equilíbrio orgânico (homeostasia).
Motivação - suporte fisiológico
A motivação tem como suporte
fisiológico os sistema nervoso, através da influência do hipotálamo (regula
as necessidades básicas, como a fome, a sede, o sono, o desejo sexual,...) e de
outras estruturas cerebrais (exemplo: sistema límbico intervém nas necessidades
afectivas) e os sistema endócrino, através da hipófise (regula também as
necessidades básicas; controla outras glândulas) e das outras glândulas
(exemplo: as glândulas sexuais interferem no comportamento sexual).
Motivações
fisiológicas
As motivações fisiológicas
são também designadas por primárias, inatas (independentes de
qualquer aprendizagem), básicas ou biogénicas. São inerentes à estrutura
biológica do organismo, tendo por função a manutenção do equilíbrio orgânico
– homeostasia. São fundamentais para a sobrevivência do indivíduo e a
sua ocorrência é independente da aprendizagem. São exemplos deste tipo de
motivações a fome, a sede, o sono. Diferentes aspectos do ciclo motivacional
dependem de mecanismos fisiológicos dos quais se destaca o hipotálamo. É
esta estrutura que detecta situações de carência orgânica, desencadeando os
processos que conduzem à manifestação do impulso que orienta o organismo
para a satisfação da necessidade que vai suprir a carência e restabelecer o
equilíbrio. Cabe ainda ao hipotálamo produzir a sensação de saciedade.
Motivações
sociais
As motivações sociais são também
designadas por secundárias, adquiridas, ou sociogénicas
São motivações que não têm na sua base
necessidades fisiológicas, isto é, o termo motivações sociais designa os
motivos adquiridos no processo de aprendizagem social, pois manifestam-se de
formas diferentes de acordo com os contextos sociais e culturais em que são
aprendidos.
Exemplos:
Necessidade
de afiliação – desejo
da pessoa ser aceite e estimada pelos outros. Manifesta-se na necessidade de
procurar desenvolver actividades com os outros, fazer amigos, etc.
Necessidade
de poder/prestígio –
necessidade de ter uma posição de determinado nível na sociedade e de ser
admirado.
Necessidade
de realização/sucesso
– a motivação de realização deve-se ao desejo de ser bem sucedido no que se faz
ou em situações desafiantes.
Motivações
combinadas
As motivações combinadas, ainda que
dependam de factores orgânicos, não são essenciais à sobrevivência do
indivíduo, nem à manutenção do equilíbrio interno do organismo (ou
homeostasia). São muito marcadas pela aprendizagem, pelos padrões culturais
vigentes. Designam-se por combinadas, porque combinam factores
biológicos/inatos e factores sociais/adquiridos.
Os comportamentos sexual e maternal são exemplos de actividades que,
embora tendo um fundo biológico, apresentam no caso humano, uma grande flexibilidade,
ou seja, a motivação subjacente a estas actividades não é essencialmente
controlada por sustemos fisiológicos.
Assim, sem negar a importância
relativa dos aspectos hormonais, vestígios de comportamentos de raiz evolutiva,
o comportamento sexual e o comportamento maternal são, em larga medida,
regulados pela aprendizagem, por normas socioculturais e por expectativas e
preferências individuais.
O
comportamento sexual
O comportamento sexual é uma motivação
combinada, porque depende de:
Mecanismos
fisiológicos – depende do sistema endócrino, concretamente das glândulas
sexuais, da hipófise e do hipotálamo. É o início do funcionamento das glândulas
sexuais na adolescência que dá início ao desejo sexual. Depende ainda do
hipotálamo.
Factores
sociais e culturais – a expressão da sexualidade depende da aprendizagem do
indivíduo num determinado contexto social, variando no tempo e de cultura para
cultura.
O
comportamento maternal
O comportamento maternal é uma
motivação combinada, porque apesar de existirem bases fisiológicas (exemplo:
hormonas produzidas durante a gravidez), grande parte dos comportamentos
maternais são aprendidos através do processo de socialização, estando ligados
aos padrões culturais de diferentes sociedades.
Teorias da motivação
Maslow e a Hierarquia das Necessidades
Segundo Abraham Maslow, as
necessidades humanas estariam organizadas numa hierarquia, representadas numa
pirâmide, em que na base estariam as necessidades fisiológicas e, no cume, as
necessidades mais elevadas, como as de auto-realização. Após satisfeitas as
necessidades básicas, o indivíduo ascenderia a outras mais complexas e, se no
decurso da sua existência não houvesse obstáculos, progrediria até ao topo.
Esta pirâmide seria designada como “Pirâmide de Maslow”. Quanto mais se sobe na
pirâmide mais as motivações são específicas do Homem.
1 – Necessidades
Fisiológicas:
São consideradas necessidades
fisiológicas, a fome, sede, sono, evitamento da dor, desejo sexual. É a
satisfação destas necessidades que domina o comportamento do ser humano. Assim,
as necessidades de segurança só surgem se estas estiveres satisfeitas.
2 – Necessidades
de Segurança:
Estas manifestam-se na procura de
protecção em relação ao meio, assim como na busca de um ambiente estável e
harmonioso.
3 – Necessidades
de Afecto e Pertença:
Correspondem as necessidades de
estabelecer relações afectivas e ser aceite. Manifestam-se através do desejo de associação,
participação e aceitação por parte dos outros. Nos grupos a que pertence, o
indivíduo procura o afecto e aprovação.
4 – Necessidades
de Estima:
Corresponde
à necessidade de ser respeitado e reconhecido pelo seu desempenho. Segundo Maslow, estas necessidades
assumem duas expressões: desejo de realização e competência e o estatuto e
desejo de reconhecimento, ou seja, as pessoas desejam ser competentes,
desenvolver actividades com sucesso e ser reconhecidas através do seu mérito
pessoal.
5 – Necessidades de
Auto-Realização:
Se no decorrer do percurso que vai da
base ao topo, todas as necessidades estiverem satisfeitas, a necessidade de
auto-satisfação manifestar-se-á.. É um tipo de motivação que se manifestaria
pela necessidade de o indivíduo desenvolver as suas potencialidades pessoais,
obter sucesso e êxito e, assim, atingir a sua realização pessoal.
Essa realização varia de indivíduo
para indivíduo. As pessoas que procuram a auto-realização apresentam algumas
características comuns de personalidade: são independentes, criadoras, resistem
ao conformismo, aceitam-se a si próprias e aos outros.
Maslow considerava que vários
indivíduos na nossa sociedade não realizavam as suas necessidades de
auto-realização, daí a apatia e a alienação.
As necessidades deficitárias são
aquelas que exprimem o desejo de reduzir carências. Caso não sejam satisfeitas
podem levar a comportamentos agressivos. (1,2,3,4). As necessidades de
crescimento ou de ser traduzem o desejo de expansão do eu. (5).
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