terça-feira, 14 de maio de 2013

Coordenação de projetos, professor Tiago Silva e José Barros.

APRENDIZAGEM

Conceito de Aprendizagem

Aquisição ou mudança relativamente estável e duradoura de comportamentos ou processos mentais, resultante da uma interacção com o meio, de alguma forma de exercício, experiência, treino ou estudo.

 

A aprendizagem é um factor essencial de mudança (pessoal e social) de atitudes e comportamentos. A aprendizagem determina o pensamento, a linguagem, as motivações, as atitudes e a personalidade. A aprendizagem implica comportamentos perceptivos, motores, intelectuais, emocionais e sociais. Não há aprendizagem sem memória; a memória permite reter o que aprendemos. A memória constitui uma espécie de base de dados que possibilita responder às situações presentes e projectar as situações futuras.

 

 

A aprendizagem social

A aprendizagem social foi estudada por Bandura. Segundo este psicólogo, é no contexto das interacções sociais que se aprendem comportamentos que nos permitem viver em sociedade e desenvolver capacidades especificamente humanas (como ler, escrever, falar, etc.).

A aprendizagem social resulta da observação dos comportamentos dos outros e da imitação desses comportamentos, sobretudo daqueles cujas consequências são entendidas como positivas. Os comportamentos observados são imitados, quando o indivíduo se identifica com o modelo social. A aprendizagem social desenrola-se ao longo der toda a vida.

Bandura designa este processo por modelação. Neste tipo de aprendizagem, o reforço tem uma grande importância na medida em que, ao observar o modelo que foi reforçado (reforço vicariante), ou ao receber o reforço a seguir ao comportamento desejado (reforço directo), o sujeito integra um novo comportamento no seu quadro de respostas. Por outro lado, pode surgir o efeito desinibitório (Ex: Se os pais exibem comportamentos agressivos a criança apresentará também comportamentos agressivos) ou inibitório (Ex: Se a agressividade é criticada pelos pais a criança inibe-a.)

Segundo Bandura, tenderíamos a imitar modelos sociais significativos, isto é, pessoas que são mais susceptíveis de se tornarem modelos (pela proximidade afectiva, a idade, o género e o estatuto social).

 

 

 

Desenvolvimento e socialização

A família tem um papel decisivo no processo de socialização, isto é, no processo de integração do indivíduo na sociedade. É neste grupo que a criança aprende os comportamentos, valores, normas e atitudes vigentes numa dada sociedade.

Um dos aspectos mais importantes do desenvolvimento psicológico e social do bebé é o estabelecimento de uma primeira relação afectiva recíproca e duradoura, normalmente com a mãe, a que se chama vinculação. Esta vinculação manifesta-se a partir dos 7/8 meses e caracteriza-se pela procura de proximidade em relação a mãe; pela ansiedade e tristeza em caso de separação; e pela orientação das acções do bebé para a mãe.

A relação mãe-bebé tem um papel muito importante no processo de socialização. É esta díade mãe-bebé que vai permitir que a criança adapte o seu comportamento ao meio envolvente e aos outros: esta relação tem uma função adaptativa, quer favorecendo a sobrevivência da espécie, quer proporcionando segurança emocional.

 

As crianças desde que nascem são capazes de interagir com o meio e realizam as primeiras interacções com a mãe.
É através da interacção mãe-bebé que a criança aprende a atribuir significados aos comportamentos dos outros e às situações. A qualidade desta relação precoce entre a mãe e o bebé, vão ter uma grande influência no desenvolvimento futuro da criança: na sua personalidade, auto-estima, confiança em si própria, na forma como se relacionará com os outros e o modo como encarará as situações.

 

Estudos etológicos revelaram que a necessidade de contacto corporal e proximidade física são mais importantes que a necessidade de alimentação. Esta necessidade de agarrar, de estar junto à mãe denomina-se de contacto do conforto.

Segundo Bowlby, a necessidade de vinculação (apego, attachement), isto é, a necessidade de estabelecimento de contacto e de laços emocionais entre o bebé e a mãe e outras pessoas próximas é um fenómeno biologicamente determinado.

A carência afectiva materna tem repercussões que acarretam perturbações físicas, afectivas ou mentais durante esse período ou na vida futura, como, por exemplo, o hospitalismo (depressão vivida por crianças a quem faltou a presença materna).


MOTIVAÇÂO

Conceito de motivação

A motivação pode-se definir como um conjunto de necessidades (forças) internas e/ou externas que orientam e impulsionam o comportamento de um indivíduo para determinado fim.

 

Ciclo motivacional

No ciclo motivacional, distinguem-se geralmente três etapas básicas: necessidade, impulso e resposta.

A necessidade manifesta um estado de carência orgânica (estado de falta fisiológica ou psicológica) que desencadeia um impulso.

O impulso (ou pulsão) é a força que impele o organismo a dirigir o seu comportamento em direcção ao objectivo e activa uma resposta.

A resposta é o conjunto de acções desenvolvidas pelo indivíduo que permitem suprir a necessidade. Se o objectivo é atingido, há uma redução ou eliminação do impulso, o organismo atinge um estado de saciedade  que restabelece o equilíbrio orgânico (homeostasia).

 

Motivação - suporte fisiológico

            A motivação tem como suporte fisiológico os sistema nervoso, através da influência do hipotálamo (regula as necessidades básicas, como a fome, a sede, o sono, o desejo sexual,...) e de outras estruturas cerebrais (exemplo: sistema límbico intervém nas necessidades afectivas) e os sistema endócrino, através da hipófise (regula também as necessidades básicas; controla outras glândulas) e das outras glândulas (exemplo: as glândulas sexuais interferem no comportamento sexual).

 

Motivações fisiológicas

As motivações fisiológicas são também designadas por primárias, inatas (independentes de qualquer aprendizagem), básicas ou biogénicas. São inerentes à estrutura biológica do organismo, tendo por função a manutenção do equilíbrio orgânicohomeostasia. São fundamentais para a sobrevivência do indivíduo e a sua ocorrência é independente da aprendizagem. São exemplos deste tipo de motivações a fome, a sede, o sono. Diferentes aspectos do ciclo motivacional dependem de mecanismos fisiológicos dos quais se destaca o hipotálamo. É esta estrutura que detecta situações de carência orgânica, desencadeando os processos que conduzem à manifestação do impulso que orienta o organismo para a satisfação da necessidade que vai suprir a carência e restabelecer o equilíbrio. Cabe ainda ao hipotálamo produzir a sensação de saciedade.

 

Motivações sociais

As motivações sociais são também designadas por secundárias, adquiridas, ou sociogénicas

São motivações que não têm na sua base necessidades fisiológicas, isto é, o termo motivações sociais designa os motivos adquiridos no processo de aprendizagem social, pois manifestam-se de formas diferentes de acordo com os contextos sociais e culturais em que são aprendidos.

Exemplos:

*           Necessidade de afiliação – desejo da pessoa ser aceite e estimada pelos outros. Manifesta-se na necessidade de procurar desenvolver actividades com os outros, fazer amigos, etc.

*           Necessidade de poder/prestígio – necessidade de ter uma posição de determinado nível na sociedade e de ser admirado.

*           Necessidade de realização/sucesso – a motivação de realização deve-se ao desejo de ser bem sucedido no que se faz ou em situações desafiantes.

 

 

Motivações combinadas

As motivações combinadas, ainda que dependam de factores orgânicos, não são essenciais à sobrevivência do indivíduo, nem à manutenção do equilíbrio interno do organismo (ou homeostasia). São muito marcadas pela aprendizagem, pelos padrões culturais vigentes. Designam-se por combinadas, porque combinam factores biológicos/inatos e factores sociais/adquiridos.

Os comportamentos sexual e maternal são exemplos de actividades que, embora tendo um fundo biológico, apresentam no caso humano, uma grande flexibilidade, ou seja, a motivação subjacente a estas actividades não é essencialmente controlada por sustemos fisiológicos.

Assim, sem negar a importância relativa dos aspectos hormonais, vestígios de comportamentos de raiz evolutiva, o comportamento sexual e o comportamento maternal são, em larga medida, regulados pela aprendizagem, por normas socioculturais e por expectativas e preferências individuais.

 

 

O comportamento sexual

O comportamento sexual é uma motivação combinada, porque depende de:

Mecanismos fisiológicos – depende do sistema endócrino, concretamente das glândulas sexuais, da hipófise e do hipotálamo. É o início do funcionamento das glândulas sexuais na adolescência que dá início ao desejo sexual. Depende ainda do hipotálamo.

Factores sociais e culturais – a expressão da sexualidade depende da aprendizagem do indivíduo num determinado contexto social, variando no tempo e de cultura para cultura.

 

O comportamento maternal

O comportamento maternal é uma motivação combinada, porque apesar de existirem bases fisiológicas (exemplo: hormonas produzidas durante a gravidez), grande parte dos comportamentos maternais são aprendidos através do processo de socialização, estando ligados aos padrões culturais de diferentes sociedades.

 


                         

Teorias da motivação

 

Maslow e a Hierarquia das Necessidades

Segundo Abraham Maslow, as necessidades humanas estariam organizadas numa hierarquia, representadas numa pirâmide, em que na base estariam as necessidades fisiológicas e, no cume, as necessidades mais elevadas, como as de auto-realização. Após satisfeitas as necessidades básicas, o indivíduo ascenderia a outras mais complexas e, se no decurso da sua existência não houvesse obstáculos, progrediria até ao topo. Esta pirâmide seria designada como “Pirâmide de Maslow”. Quanto mais se sobe na pirâmide mais as motivações são específicas do Homem.

1 – Necessidades Fisiológicas:

São consideradas necessidades fisiológicas, a fome, sede, sono, evitamento da dor, desejo sexual. É a satisfação destas necessidades que domina o comportamento do ser humano. Assim, as necessidades de segurança só surgem se estas estiveres satisfeitas.

2 – Necessidades de Segurança:

Estas manifestam-se na procura de protecção em relação ao meio, assim como na busca de um ambiente estável e harmonioso.

3 – Necessidades de Afecto e Pertença:

Correspondem as necessidades de estabelecer relações afectivas e ser aceite. Manifestam-se através do desejo de associação, participação e aceitação por parte dos outros. Nos grupos a que pertence, o indivíduo procura o afecto e aprovação.

 

4 – Necessidades de Estima:

Corresponde à necessidade de ser respeitado e reconhecido pelo seu desempenho. Segundo Maslow, estas necessidades assumem duas expressões: desejo de realização e competência e o estatuto e desejo de reconhecimento, ou seja, as pessoas desejam ser competentes, desenvolver actividades com sucesso e ser reconhecidas através do seu mérito pessoal.

5 Necessidades de Auto-Realização:

Se no decorrer do percurso que vai da base ao topo, todas as necessidades estiverem satisfeitas, a necessidade de auto-satisfação manifestar-se-á.. É um tipo de motivação que se manifestaria pela necessidade de o indivíduo desenvolver as suas potencialidades pessoais, obter sucesso e êxito e, assim, atingir a sua realização pessoal.

Essa realização varia de indivíduo para indivíduo. As pessoas que procuram a auto-realização apresentam algumas características comuns de personalidade: são independentes, criadoras, resistem ao conformismo, aceitam-se a si próprias e aos outros.

Maslow considerava que vários indivíduos na nossa sociedade não realizavam as suas necessidades de auto-realização, daí a apatia e a alienação.

 

As necessidades deficitárias são aquelas que exprimem o desejo de reduzir carências. Caso não sejam satisfeitas podem levar a comportamentos agressivos. (1,2,3,4). As necessidades de crescimento ou de ser traduzem o desejo de expansão do eu. (5).

 

 

 

 

 

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